As ações da Tesla (TSLA; $TSLA34) dispararam 10% nesta segunda-feira (23) após a empresa iniciar os testes públicos de seu aguardado robotáxi em Austin, Texas. O serviço, que utiliza veículos Model Y adaptados para operar de forma totalmente autônoma, foi liberado para um grupo seleto de convidados no último domingo.
A novidade levou entusiasmo ao mercado e aos investidores, principalmente porque a empresa vinha sofrendo pressão para cumprir antigas promessas de Elon Musk sobre a chegada dos carros autônomos da Tesla às ruas. Em sua rede social X, Musk descreveu o lançamento como “o ápice de uma década de trabalho árduo” e parabenizou as equipes de software e chips da Tesla.
Como funciona o robotáxi da Tesla?
O serviço foi disponibilizado apenas para convidados — entre eles, influenciadores, acionistas e fãs da Tesla que costumam gerar conteúdo sobre a empresa nas redes sociais. Cada viagem foi cobrada a um preço fixo de US$ 4,20, segundo o próprio Elon Musk.
Os veículos operam com o sistema chamado FSD Unsupervised, uma versão ainda não liberada ao público geral. A promessa é de uma condução completamente autônoma, sem a necessidade de supervisão humana.
Alguns participantes relataram experiências positivas. Um dos passageiros afirmou na rede X que realizou 11 viagens sem enfrentar qualquer problema. O próprio Musk compartilhou vídeos dos passeios e interações com os veículos, destacando o sucesso do teste inicial.
Polêmicas e desafios na segurança
Apesar da empolgação, os testes não passaram despercebidos pelas críticas. Segundo reportagem da The Verge, um robotáxi Model Y da Tesla chegou a trafegar na contramão em uma via de Austin. Além disso, o crítico da Tesla, Ed Niedermeyer, compartilhou imagens de um robotáxi freando bruscamente no meio do trânsito ao detectar veículos policiais.
Pesquisadores e usuários locais também observaram comportamentos que desafiaram regras de trânsito, levantando preocupações sobre a segurança dos veículos autônomos nas ruas.
Antes mesmo da estreia, a Tesla enfrentou resistência de legisladores democratas do Texas e de organizações de segurança viária, que pediram o adiamento do lançamento até que houvesse mais garantias de que o sistema seria seguro para os usuários e para a cidade.
Tesla corre para recuperar espaço no mercado de autônomos
Apesar de ser uma das pioneiras na tecnologia de condução autônoma, a Tesla atualmente tenta recuperar espaço frente a concorrentes que avançaram mais rapidamente. A Waymo, da Alphabet (controladora do Google), realiza atualmente mais de 250 mil viagens comerciais autônomas por semana e ultrapassou a marca de 10 milhões de corridas no mês passado. Na China, empresas como Apollo Go, WeRide e Pony.ai também acumulam números impressionantes, com milhões de viagens completadas.
Em entrevista recente à CNBC, Elon Musk afirmou que a meta da Tesla é ambiciosa: colocar “centenas de milhares, se não mais de um milhão” de robotáxis nas ruas dos EUA até o final do ano que vem. Além de Austin, os próximos lançamentos estão previstos para Los Angeles e São Francisco.
A questão regulatória ainda é um obstáculo
Mesmo com o sucesso do lançamento experimental, a Tesla ainda não disponibilizou o sistema FSD Unsupervised para os proprietários de veículos Tesla em geral. Atualmente, os modelos da empresa são vendidos com sistemas de direção parcialmente automatizados, como o piloto automático e o FSD Supervised, que exigem supervisão constante do motorista.
Esses sistemas, embora avançados, já foram associados a acidentes, alguns fatais, segundo dados da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário dos EUA (NHTSA).
O lançamento do robotáxi em Austin representa um passo importante para a Tesla, mas também evidencia que o caminho até uma frota 100% autônoma.
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