O banco norte-americano Goldman Sachs (GS ; GSGI34) recomenda que os investidores vendam ações e títulos de empresas estatais brasileiras e adotem posições compradas em empresas do setor privado, esperando se beneficiar do ciclo de cortes de juros.
A instituição afirma que, embora as empresas públicas tenham fundamentos sólidos, estão sendo negociadas a múltiplos historicamente altos em comparação com suas contrapartes privadas. Além disso, possíveis intervenções governamentais podem levar a rebaixamentos nas notas de crédito dessas empresas.
“O aumento da intervenção governamental nas estatais brasileiras trouxe atenção ao potencial prêmio político para ações e crédito no Brasil. Nós acreditamos que o Brasil está negociando em linha com mercados emergentes da perspectiva de relações entre ativos”, destacam os estrategistas Jolene Zhong, Nathan Fabius e Caesar Maasry, em entrevista ao Valor Econômico.
“Dito isso, estatais brasileiras negociam a múltiplos historicamente mais altos do que seus pares privados listados. Essa relação se mantém numa comparação relativa de ativos entre crédito e ações“, concluem eles.
Interferências passadas em empresas estatais
Os profissionais do Goldman Sachs destacam que os recentes acontecimentos relacionados à política de dividendos da Petrobras (PETR4) trouxeram à memória dos investidores as interferências passadas em empresas estatais, e que tais eventos geralmente resultavam em um aumento no prêmio de risco dessas companhias.
Atualmente, embora o prêmio de risco seja modesto em comparação com empresas similares de países emergentes, as estatais estão sendo negociadas a níveis mais elevados do que suas contrapartes privadas. Um levantamento realizado pelo banco indica que a relação preço-valor patrimonial (price-to-book, em inglês) das empresas estatais, em comparação com as empresas privadas, está próxima de sua máxima histórica. Esses cálculos do Goldman Sachs incluem a Petrobras, o Banco do Brasil, a Sabesp e a Cemig.
“Na medida em que o ciclo de cortes [de juros] nos Estados Unidos e no Brasil se desenvolve, as estatais podem ser superadas por pares do setor privado num ambiente de juros mais baixos, como foi o caso no passado”, projetam os estrategistas do banco. “Embora os fundamentos das estatais pareçam fortes, os múltiplos elevados as deixam mais suscetíveis a um potencial rebaixamento nos ratings em caso de maior intervenção do governo.
Desempenho das empresas estatais
O banco observa que, em termos de fundamentos, o recente bom desempenho das empresas estatais tem sido impulsionado principalmente por um retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) elevado dos ativos de commodities, que se beneficiaram dos preços mais altos do petróleo.
“Em contraste, o ROE do setor privado tem sido limitado nos últimos anos, mas está começando a melhorar na margem”, pontua o banco. “Daqui para frente, esperamos que os ROEs das estatais brasileiras comecem a moderar e a convergir com o setor privado num cenário de juros mais baixos e maior intervenção.”
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