A Eletrobras (ELET6) é uma companhia que atua como uma holding, dividida em geração e transmissão de energia. A empresa foi privatizada na metade de 2022 e sua desestatização levantou R$ 96 bilhões durante o certame realizado na B3 (B3SA3), a bolsa brasileira.
Antes de junho do ano passado a empresa era uma economia de capital misto, cujo maior acionista era a União. Depois dessa data, a União teve sua participação pulverizada.
Indiferentemente do status da empresa, ela sempre esteve no radar do investidor por seu potencial de lucro, bem como dividendos recorrentes. Ela foi e continua sendo uma das companhias brasileiras mais robustas listadas na bolsa.
Entretanto, neste momento “a ação está sofrendo principalmente por estar descontratada, em um cenário de preços baixos de energia pelas chuvas abundantes”. A afirmação é de Luís Fernado Moran, Head da EQI Research.
E diz mais: “além disso, tem muito ruído político de desprivatização. A tese (de investimento na empresa) é boa, mas tem que ter bastante paciência.”
A fala do especialista dá o tom do mercado. A empresa é boa, mas a longo prazo, e há muito “barulho” no ambiente político acerca da companhia, com autoridades de governo contestando a desestatização.
Com isso em mente, há quem queira se desfazer das ações e, neste sentido, uma boa notícia permeia o noticiário. Acontece que após um ano já é possível vender as ações da Eletrobras compradas com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Eletrobras (ELET6): 370 mil trabalhadores
Os gestores envolvidos no processo de desestatização da companhia viabilizaram, à época, que os trabalhadores da empresa, e outros mais, pudessem adquirir as ações por meio de recursos oriundos do FGTS.
O objetivo, à época, era beneficiar profissionais de fora do mercado de capitais, de maneira a inseri-los no universo dos investimentos, bem como beneficiar a classe trabalhadora, visto que o ativo em questão era uma empresa pública com muitos funcionários.
Para se ter ideia, o volume de funcionários, ainda hoje, chega perto de oito mil pessoas. Tanto o contingente de profissionais diretos e indiretos, quanto o volume produzido colocam a companhia como a maior do setor elétrico na América Latina.
A intenção de atrair trabalhadores para o ativo deu certo, e mais de 370 mil pessoas adquiriram ações com dinheiro do FGTS. Este número de trabalhadores já pode, a partir de agora, negociar a ação, ou seja, vender. Mas isso se quiserem.
Vale lembrar que — seguindo as regras da operação, que movimentou um total de R$ 33,7 bilhões à época, quem destinou parte do FGTS para comprar as ações – por meio de fundos mútuos de privatização (FMPs) – precisou aguardar uma carência de 12 meses antes de poder fazer resgates. O prazo terminou no dia 14 de junho de 2023.
Entretanto, quem solicitar o resgate dos recursos deve saber que esse dinheiro não vai para o bolso, mas sim para a conta do FGTS em D+5 – ou seja, cinco dias após a solicitação.
Desde dezembro, seis meses depois da oferta de privatização, já era possível transferir os valores investidos na Eletrobras para outros FMPs – como os que aplicam em Vale (VALE3), Petrobras (PETR4) ou em carteiras livres. Mas não era permitido resgatar os recursos dos fundos de ações.
BTG (BPAC11)
O BTG Pactual (BPAC11), maior banco de investimentos da América Latina, tem recomendação de compra para a Eletrobras, com preço-alvo em R$ 53.
A tese de investimentos do BTG destaca que a ação ainda combina um valuation atraente (14% de TIR real) com alguns catalisadores que o mercado espera que venham com o andamento do processo de turnaround pós privatização.
O relatório lembra que Wilson Ferreira Jr. assumiu o cargo de CEO em setembro do ano passado e a empresa anunciou um programa de desligamento voluntário envolvendo, representando o início da agenda de reestruturação definidos pela gestão.
“Vemos um baixo risco de reestatização, considerando que os termos da privatização limitaram o poder de voto de qualquer acionista a 10% (incluindo todas as entidades relacionadas ao governo) e estabeleceram uma poison pill de 200% caso o governo (ou qualquer outro acionista) decida adquirir o controle acionário da empresa (50+1%)”, ressaltou.
Também disse que a companhia apresenta alguns benefícios a serem capturados:
- a otimização na estrutura de despesas de PMSO e reorganização corporativa (esperamos uma redução de 60% nas despesas em 3 anos a partir de 3T23);
- o fim do regime de cotas; e
- a possibilidade de negociação individual dos empréstimos compulsórios.
“Apesar do cenário desafiador, ainda consideramos a Eletrobras barata frente à recente precificação de energia de longo prazo bastante estressada”, concluiu.
Novo PDV
Esta semana a Eletrobras anunciou o novo programa de demissão voluntária, válido a partir do dia 20 de junho de 2023.
O PDV 2023 é o segundo desde a capitalização da companhia, ocorrida em junho de 2022.
O programa será implantado nas empresas Eletrobras com a previsão de saída de até 1.574 colaboradores e faz parte dos compromissos previstos no Acordo Coletivo de Trabalho.
“As estimativas para o custeio global variam entre R$ 450 milhões e R$ 750 milhões, com um payback similar aos planos anteriormente praticados”, informou a empresa.
Bolsa
Por volta das 14h50 a ação ELET6 subia 0,50%, cotada em R$ 44,39.

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