O BTG Pactual ($BPAC11) sinalizou um tom mais cauteloso em relação à Petrobras ($PETR4) após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025. Apesar da companhia seguir como a principal recomendação do banco no setor de Petróleo & Gás na América Latina, os analistas alertam que a tese de investimento está se tornando mais desafiadora, especialmente diante de um cenário macroeconômico incerto e de uma margem financeira mais apertada. Apear disso, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 58.
Segundo o BTG, a Petrobras vinha sendo destacada por sua defensividade em um mercado de petróleo volátil, aliada a operações robustas, custos competitivos, dividendos atrativos e valuation descontado. No entanto, os resultados do 1TRI25 frustraram parte das expectativas.
O EBITDA ajustado da estatal foi de R$ 62,3 bilhões, alta de 8,3% frente ao trimestre anterior, impulsionado por maiores volumes, melhores spreads de refino e alta nos preços do petróleo. Já o lucro líquido ajustado somou R$ 23,6 bilhões — 2% abaixo do consenso e 7% abaixo da projeção do BTG, em parte devido à expectativa de uma redução mais significativa no lifting cost, o que não se concretizou. O fluxo de caixa livre cresceu 20%, atingindo US$ 4,5 bilhões, enquanto o capex foi normalizado para US$ 4,1 bilhões, um nível que o banco considera mais sustentável.
Ainda que a geração de caixa e a execução operacional sigam sólidas, o aumento da alavancagem preocupa. A dívida líquida subiu para US$ 56 bilhões, com o índice dívida líquida/EBITDA avançando de 1,29x no 4T24 para 1,45x. A dívida bruta, por sua vez, atingiu US$ 65 bilhões, o que, com o Brent em torno de US$ 70 por barril, limita a folga financeira da companhia.
A política de dividendos ainda está dentro dos parâmetros estabelecidos, mas qualquer expansão nos investimentos pode comprometer a visibilidade dos pagamentos aos acionistas. “O valuation continua atrativo, mas a assimetria de risco-retorno começa a se deteriorar”, alertam os analistas do BTG.
Análise por segmentos da Petrobras (PETR4)
Na área de Exploração e Produção (E&P) da PETR4, o EBITDA foi de cerca de US$ 10 bilhões, beneficiado por um Brent mais elevado e menores despesas operacionais, especialmente com a redução dos custos de descomissionamento. No entanto, o lifting cost subiu 4% no trimestre, para US$ 9,49/bbl, pressionado por gastos com manutenção e novos contratos de monitoramento marítimo.
No Refino, o EBITDA ajustado recuou para US$ 1,07 bilhão, mesmo com spreads mais fortes no diesel. A queda se deveu a menores margens com gasolina e volumes mais fracos, além de uma parada programada na refinaria RNEST, que elevou o custo da carga processada em 5,6%.
Já o segmento de Gás e Energia (G&E) da Petrobras, teve queda expressiva de 76% no EBITDA, para US$ 87 milhões, reflexo de menor demanda tanto do sistema termelétrico quanto de outros segmentos, em razão de um cenário hidrológico mais favorável.