A Brava Energia (BRAV3) informou que seu programa de American Depositary Receipts (ADRs) de Nível 1 foi oficialmente declarado efetivo pela Securities and Exchange Commission (SEC), que é a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. O comunicado segue o Fato Relevante divulgado em 18 de setembro, no qual a companhia já havia antecipado seus planos de acessar o mercado internacional por meio desse instrumento.
De acordo com a empresa, o JPMorgan Chase Bank, N.A. será a instituição depositária responsável pela emissão e gestão dos ADRs. Cada recibo representará uma ação ordinária da Brava Energia, e os papéis serão negociados no mercado de balcão norte-americano (over the counter) sob o ticker BVENY US.
A companhia destacou que investidores interessados em converter ações em ADRs devem, por meio de suas corretoras, entrar em contato com o JPMorgan e seguir as orientações previstas no contrato de depósito e na regulamentação aplicável. As informações e canais de atendimento estão disponíveis no site da depositária.
Brava (BRAV3): em busca de mais liquidez
Segundo a Brava Energia, o objetivo do programa é ampliar a liquidez de suas ações, aumentar a visibilidade da empresa em novos mercados e estabelecer um canal direto com investidores globais por meio do mercado de capitais dos Estados Unidos. A iniciativa integra a estratégia de expansão da companhia e sua busca por maior inserção internacional.
Apesar do começo do acesso da empresa ao mercado norte-americano, as ações BRAV3, têm queda de 0,60%, a R$ 13,60, na bolsa de valores de São Paulo. Em cinco dias, os papéis apresentam recuo de 0,73% e, em um mês, a retração atinge 8,42%.
Entenda os ADRs
Em um mercado financeiro cada vez mais globalizado, os American Depositary Receipts (ADRs) surgem como uma ponte fundamental, conectando investidores dos Estados Unidos a empresas estrangeiras. Mas, afinal, o que são esses instrumentos e como funcionam?
Um ADR, ou Recibo de Depósito Americano, é um certificado negociado nas bolsas de valores dos Estados Unidos que representa ações de empresas sediadas em outros países. Em termos simples, é um mecanismo que permite a compra e venda de ações de companhias estrangeiras – como brasileiras, chinesas ou alemãs – diretamente no mercado acionário norte-americano, com todas as transações realizadas em dólares e dentro do sistema de liquidação local.
Criados em 1927, os ADRs foram a resposta para um problema comum da época: a complexidade e os custos envolvidos na compra direta de ações em bolsas estrangeiras. A inovação simplificou o processo, permitindo que investidores americanos diversificassem suas carteiras internacionalmente sem precisar lidar com transações em múltiplas moedas ou diferentes sistemas regulatórios.
Como Funciona a “Ponte” Financeira?
O processo tem início quando uma empresa decide captar recursos ou aumentar sua visibilidade no mercado americano. Um banco depositário nos EUA compra um lote de ações da companhia no seu país de origem e as custodia em uma instituição financeira local, devidamente autorizada pelos reguladores (como o Banco Central e a CVM, no caso do Brasil). Em seguida, esse banco emite recibos (os ADRs) no mercado americano, que são negociados em bolsa ou no mercado de balcão. Cada ADR pode representar uma ação inteira, uma fração ou um pacote de ações. O preço do ADR em dólares acompanha, em última análise, a cotação das ações originais em seu mercado doméstico.
Os Três Níveis de ADRs
Os programas de ADR são categorizados em três níveis, que refletem o grau de exigência regulatória e a ambição da empresa no mercado americano:
- Nível 1: Negociação realizada exclusivamente no mercado de balcão (OTC), com as regulações mais simples. É frequentemente usado para gerar presença e reconhecimento de marca.
- Nível 2: As ações são listadas e negociadas diretamente em grandes bolsas, como a NYSE ou NASDAQ. Exige maior divulgação de informações e conformidade com as regras da SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA.
- Nível 3: O nível mais complexo, onde a empresa realiza uma Oferta Pública Inicial (IPO) de ADRs, emitindo novas ações para levantar capital diretamente de investidores americanos. Implica nos mais altos padrões de transparência.
Vantagens
A popularidade dos ADRs se sustenta em benefícios claros para todos os envolvidos:
- Para o Investidor: Oferece uma via acessível e conveniente para diversificar a carteira com ativos internacionais, expondo-se a economias e setores diferentes, sem a necessidade de abrir contas em corretoras estrangeiras.
- Para a Empresa Estrangeira: Representa uma porta de entrada para um dos maiores e mais líquidos mercados de capitais do mundo, permitindo captar recursos, aumentar a base de acionistas e elevar o prestígio global da marca.
- Para o Sistema Financeiro: Os bancos depositários atuam como facilitadores essenciais, garantindo a custódia segura dos ativos e a fluidez das transações, enquanto lucram com as taxas administrativas.
Em resumo, os ADRs consolidaram-se como um pilar da integração financeira global, democratizando o acesso a investimentos internacionais e oferecendo um caminho estratégico para empresas que buscam expandir seus horizontes.
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