A Braskem (BRKM5) é uma petroquímica brasileira detida, atualmente, pela Petrobras (PETR3; PETR4) e pela Novonor (ex-Odebrecht).
Esse é, na prática, o primeiro obstáculo que as companhias interessadas na aquisição da empresa enfrentam, ou seja, formatar uma proposta que agrade tanto à petroleira quanto à outra sócia.
Vale lembrar que a Novonor atua em diversos segmentos, como engenharia, infraestrutura, construção, petroquímico, sucroenergético, imobiliário, óleo e gás, e mobilidade.
Nas últimas semanas, o que se tem visto são comunicados de propostas vinculantes ou não, por parte de interessadas, mas a reposta das sócias parece sem uma direção única.
Recentemente, a Unipar Carbocloro (UNIP6) foi quem manifestou interesse em adquirir a petroquímica.
Antes dela, porém, quem protocolou intenção de compra foi o fundo Apollo com a Adnoc, ou Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi.
Faz tempo que os árabes estão de olho em ativos brasileiros, especialmente empresas dos setores de produção e exploração em óleo e gás. E isso é algo muito interessante para o país.
Acontece que o Brasil é um bom produtor, e a Petrobras é a maior exploradora em águas ultra profundas. E só!
Porém, para que este segmento performe como deveria, o país tinha por obrigação ter mais refinarias à disposição. Quanto a isto, o Brasil é deficitário.
O petróleo extraído na costa brasileira é um pouco mais grosso que o convencional e, por isso, precisa ser refinado. Muito do que é produzido em terra tupiniquim é enviado ao exterior e depois retorna mais qualificado.
Ainda assim, para dar conta da demanda interna, o Brasil acaba comprando petróleo do exterior.
Dados
- Brasil produz mais do que consome, mas precisa importar petróleo e combustíveis;
- Capacidade das refinarias no país é 20% menor que produção de petróleo;
- Petrobras, responsável por 75% do refino no país, reduziu investimentos no setor;
- Crescimento do refino depende agora de mais investimentos privados.
Braskem (BRKM5): propostas
A Unipar propôs às acionistas o pagamento parcial dos bancos credores, novas condições para o saldo da dívida remanescente e a possibilidade de a antiga Odebrecht continuar com uma participação minoritária indireta na Braskem.
Vale lembrar que a antiga Odebrecht foi alvo da Operação Lava Jato, cujo saldo dos indiciamentos resultou em divisão familiar, caixa reduzido para iniciar ou dar prosseguimento a operações no Brasil e em outros países, e uma mancha na reputação da companhia que ultrapassou as fronteiras do país. Por isso a troca de nome, agora Novonor.
Em relação à proposta, a Unipar avaliou a ação da petroquímica em R$ 36,5, considerando que a Carbocloro passaria a deter 34,366% (representativas do controle da Braskem) do total de ações de emissão da Braskem (ex-tesouraria).
Da perspectiva dos acionistas, a oferta, assim, representaria um prêmio de 42,5% em relação ao preço de fechamento de sexta-feira, de R$ 25,61. Em resposta à Braskem, a Novonor reitera que “não há qualquer decisão, mesmo que preliminar, tomada a respeito da proposta”.
A Adnoc, por sua vez, propôs quitar junto aos bancos 100% da dívida da companhia. Ofereceu, ainda, até R$ 37,5 bilhões pelo controle da Braskem.
O que dizem os analistas
Desde que a Braskem começou a receber propostas de aquisição, os analistas estão de olho na companhia, até porque as ações começaram a valorizar consideravelmente, e isso tem reflexo no interesse dos investidores.]
- Genial Investimentos destaca a importância de a Braskem receber oferta de aquisição de uma companhia nacional;
- Bradesco BBI ressalta que a proposta da Unipar um prêmio de 42,5% sobre o preço atual das ações, mas pode não ser suficiente para cobrir a dívida da Novonor com os bancos;
- Suno Asset aponta que o preço das ações está baixo, ou seja, a companhia está barata e, por isso, é um bom negócio para quem a comprar;
- BTG declara que embora à primeira vista a proposta da dupla Apollo-Adnoc fosse maior, ela, na prática, era pior do que a da Unipar. Isso porque a segunda foi feita em dinheiro, enquanto a primeira incluía uma combinação de dinheiro, títulos e garantias, o que a colocava em R$ 30 por ação.
BTG (BPAC11) diz que proposta da Unipar (UNIP6) pela Braskem (BRKM5) é mais atraente
O BTG (BPAC11) disse que a proposta da Unipar (UNIP6) pela Braskem (BRKM5) é mais atraente, conforme relatório encaminhado ao mercado.
O banco de investimentos tem recomendação de compra para a companhia, com preço-alvo em R$ 36.
A tese do BTG se pauta no fato de que a petroquímica havia recebido, dias atrás, uma oferta não vinculante do fundo Apollo com a Adnoc, que é uma empresa de exploração de óleo e gás árabe.
Em relação à Unipar, o banco destacou que a Braskem recebeu, no último fim de semana, uma oferta não vinculante que foi encaminhada à Novonor (ex-Odebrecht).
A ofertante pretende adquirir 34,4% da BRKM (dando-lhe o controle da petroquímica e deixando a Novonor com 4% de participação), por R$ 36,5 por ação. Também propõe renegociar as dívidas da Novonor.
“A Unipar informou ainda que será lançada uma oferta pública nas mesmas condições para os minoritários detentores de ações preferenciais e ordinárias”, destacou, acrescentando que as negociações com a Petrobras ainda ocorrerão e que a oferta não é estendida à estatal.
“Apesar da oferta inicialmente parecer menor que a oferta do consórcio Apollo/Adnoc há pouco mais de um mês de R$ 47/ação, a proposta da Unipar parece ser totalmente em dinheiro, enquanto a oferta Apollo/Adnoc é uma combinação de dinheiro, títulos perpétuos (taxa de juros de 4% aa) e warrants, com VPL implícito abaixo de R$ 30/ação, com base em nossas estimativas”, explicou.
E disse mais: “a oferta da Unipar é, portanto, 22% superior à da Apollo/Adnoc e oferece 43% de valorização em relação ao preço de fechamento da BRKM de sextafeira.”
Para o BTG, o resultado é incerto e os riscos persistem, mas as probabilidades melhoraram. Aconselhamos cautela por algum tempo para aqueles dispostos a capturar upsides da venda da BRKM, pois as propostas anteriores falharam em alinhar os interesses de todas as partes, mas principalmente dos credores da Novonor, que ainda precisam receber R$ 14-15 bilhões da Novonor. Portanto, embora a suposta oferta de R$ 10 bilhões da Unipar pareça mais favorável aos credores, ela ainda implica um grande desconto da dívida”, ressaltou.
A Unipar também disse que sua oferta depende de uma liquidação final do passivo geológico em Alagoas. “Por fim, lembramos que a Petrobras tem um papel significativo nessa discussão. A aquisição da BRKM é uma boa opção para a Petrobras estrategicamente (a Petrobras recentemente enfatizou sua intenção de investir mais no setor petroquímico) e quantitativamente, representando um aumento de 0,1x Div. Liquida/EBITDA. Se a Petrobras decidir comprar a participação da Novonor, acreditamos que os acionistas minoritários não capturarão o retorno potencial de tag along, pois não envolve uma mudança de controle da BRKM”, concluiu.
Fator Calheiros
O Senador Renan Calheiros (MDB-AL) é outro fator que deve ser levado em consideração pelas companhias interessadas na Braskem. Ele entrou com recurso na Justiça para que a empresa não possa ser vendida antes de resolver os problemas que gerou em Maceió.
Trata-se de um desastre ambiental provocada pela companhia em um bairro de Maceió, que afundou após décadas de exploração de sal-gema pela empresa. A representação está com o ministro Aroldo Cedraz, que deve tornar público seu relatório ainda neste mês. Renan quer o bloqueio dos ativos da Braskem, o que, se for dado, inviabilizaria qualquer operação de venda.
Bolsa
Por volta das 15h15 a ação BRKM5 recuava 0,88%, cotada a R$ 26,91. No período de cinco dias, o ativo reporta alta de quase 12%.

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