Após a divulgação do balanço da Vale (VALE3), o banco BTG Pactual (BPAC11) manteve neutralidade para a mineradora. Isso porque a empresa registrou um segundo trimestre em linha com o esperado, mas com algumas decepções.
O BTG observou recentemente algumas melhorias na história micro da Vale, mas preferiu esperar por mais visibilidade em algumas questões pendentes antes de adotar um viés positivo. Citou ainda que as negociações da Samarco parecem estar progredindo bem e antecipa um resultado melhor do que o esperado pelo mercado, enquanto o conselho parece estar abrindo caminho para uma sucessão tranquila de CEO.
O banco informa ainda que o desempenho operacional continua a ser uma questão fundamental para os investidores, mas espera que a administração continue reduzindo os riscos da empresa no futuro. A estimativa de produção de minério de ferro para 2024 de 310-320 Mt estaria bem encaminhada.
“Em valuation, ainda lutamos para ver um grande potencial de retorno, mas acreditamos que as ações permanecem descontadas em ~4x o EBITDA 24 e os rendimentos de dividendos próximos de ~10%. A situação macro da China deteriorou-se ultimamente e tornou-se um obstáculo adicional”, diz trecho do relatório.
Balanço da Vale: Ebitda abaixo da estimativa
O relatório do banco de investimentos listou que o EBITDA, de US$ 3,99 bilhões, ficou 3% abaixo da estimativa, correspondendo em grande parte às expectativas de consenso. O documento diz ainda que a estimativa é explicada, principalmente, devido a preços realizados menores do minério de ferro e pelos níveis de custo caixa C1 ligeiramente maiores.
“Ficamos negativamente surpresos ao ver os níveis de custo caixa de equilibrio do minério de ferro ficarem acima de US$ 60/t, 15% acima a/a (entendemos que haverá melhorias no futuro). No fluxo de caixa, a empresa também divulgou um pequeno número negativo, que foi impactado por uma saída relevante de capital de giro de US$ 1 bilhão.
Além disso, o BTG acredita que as ações continuarão sob pressão em meio a um ambiente desafiador do cenário macro de China e algumas pendências consideradas não resolvidas.
Ferrosos com ebitda em alta
O EBITDA de ferrosos atingiu US$ 3,89 bilhões, tendo um aumento de 12% na comparação trimestral, explicado, principalmente, pelo aumento de 30% nas remessas de finos, parcialmente compensado por preços e custos ligeiramente menores. De acordo com o BTG, o número abaixo do esperado pode ser atribuído aos custos caixa C1 atingindo US$ 24,9/t, alta de 6% na comparação com o 2TRI23, devido às fortes chuvas no norte durante abril, maiores custos de manutenção, bem como alta de custos de estoque do 1TRI24.
“No entanto, a Vale divulgou que seu C1 em junho foi de US$ 22/t, o que sugere uma queda relevante no 2S24, com a empresa reiterando seu guidance de US$ 21,5-23/t para o ano. O ponto de equilíbrio do EBITDA de finos + pelotas atingiu US$ 61,2/t (+2% vs. BTGPe), um aumento de 5% tri/tri, o que, além de um C1 mais alto, também foi impactado por prêmios (de qualidade) negativos para finos”, diz outro trecho do relatório.
Como foi o balanço da Vale
O lucro líquido da Vale subiu mais de 200%, ao atingir US$ 2,7 bilhões no segundo trimestre do ano (2TRI24). No mesmo período do ano passado havia registrado lucro de US$ 892 milhões.
Enquanto isso, no acumulado do primeiro semestre do ano, o lucro líquido atingiu US$ 14,683 bilhões contra US$ 14,690 bilhões do mesmo período do ano anterior, ficando estável.
A receita líquida de vendas da mineradora foi de US$ 9,9 bilhões ante R$ 9,6 bilhões no mesmo período do ano anterior, tendo uma alta de 3%. No acumulado do ano, atingiu US$ 18,3 bi ante US$ 18,1 bilhões dos seis primeiros meses de 2023, tendo uma alta de 2%.
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