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Remuneração de debênture: como é definida? Entenda tudo aqui

Remuneração de debênture: como é definida? Entenda tudo aqui

Em oferta recente de debêntures, a Eletrobras anunciou taxa máxima de remuneração dos papéis em IPCA + 1,3%. No entanto, ao final da oferta, a taxa que ficou valendo foi IPCA + 1%. Em outra série da mesma oferta, de prometidos CDI + 2,15%, a taxa final ficou em CDI + 1,55%.

Os investidores que adquiriram os papéis podem não ter ficado muito satisfeitos e podem estar se perguntando: por que, afinal, a taxa de remuneração de debênture caiu?

Seja nos papéis da Eletrobras ou em qualquer outra oferta, isso pode acontecer devido a um processo chamado de bookbuilding.

Nele, a empresa consulta o mercado sobre as intenções que tem sobre o ativo para, aí sim, fechar a remuneração final.

Quer entender passo a passo como isso funciona e como fazer uma correta compra de debêntures? Acompanhe o artigo do EuQueroInvestir.   

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Remuneração de debênture: o que é bookbuilding?

O processo de bookbuilding acontece na oferta primária de um ativo no mercado.

Ele é como “um leilão às cegas”. Isto quer dizer que preço/remuneração final será sempre definido pela oferta e pela demanda.

Se a demanda pelo ativo é alta, a taxa de remuneração final pode ser menor do que a inicialmente proposta. E o oposto também é verdadeiro.

Então, quando você vir uma taxa menor do que o esperado na oferta de uma debênture, já sabe: isso nada mais é do que a “dança do mercado” acontecendo devido ao bookbuilding.

Remuneração de debênture: como acontece o processo do bookbuilding?

Como dito, bookbuilding é um processo utilizado na emissão de títulos no qual a empresa emissora, juntamente com instituições financeiras (bancos de investimento), busca identificar a demanda do mercado pelos títulos que estão sendo ofertados.

A empresa emissora, junto com os bancos de investimento, define os parâmetros da emissão, como a quantidade de debêntures, prazo, taxa de juros, entre outros.

Os bancos organizam um “livro” (book) que registra as intenções de compra por parte dos investidores. Esse livro é dinâmico e é atualizado conforme as intenções de compra são registradas.

Durante um período predeterminado, investidores institucionais e individuais têm a oportunidade de expressar o interesse e as condições em que estariam dispostos a adquirir as debêntures.

Exemplo: se a taxa máxima de remuneração de uma oferta é CDI + 1,3%, o investidor pode solicitar a compra de 10 títulos a uma taxa de CDI + 1,2%. Pode ainda reservar na taxa máxima – o que é recomendado quando se espera que haja pouca demanda pelo papel, mas falaremos mais sobre isso adiante.

Ao fim do período de reservas, a empresa reúne todas as solicitações e chega a uma taxa final. A ideia é que a remuneração final seja boa para a empresa e também para os investidores, para garantir que todos os papéis emitidos sejam comprados.

Remuneração de debênture: a intenção dos investidores forma a taxa

Ao reservar debêntures em um bookbuilding, o investidor faz parte da formação das taxas. Quando muita gente quer comprar dívida de uma empresa considerada de baixo risco (ou seja, que costuma honrar suas dívidas e tem nota de crédito alta), as taxas costumam cair.

Do mesmo modo, reservas muito abaixo do teto também farão a rentabilidade dos papéis diminuir.

Por outro lado, companhias consideradas arriscadas geralmente têm maior dificuldade de captação e, por isso mesmo, costumam pagar a taxa máxima com maior frequência, para conseguir vender todos os papéis.

“Basicamente, o que irá determinar a porcentagem que a taxa final ficará da taxa teto é a demanda de reservas da emissão. Quando a demanda de reservas é muito alta, a emissora tem uma certa flexibilidade para fazer a emissão em uma taxa menor e, ainda assim, conseguir emitir o volume desejado. Já quando a demanda é baixa, a emissora terá que aceitar emitir em uma taxa maior, podendo ser até a taxa teto, para conseguir emitir o mais próximo ao volume desejado”, explica Victor Faoro dos Santos, head de Renda Fixa na EQI Investimentos.

Vale dizer, em alguns casos, reservar debêntures na taxa máxima pode representar um risco de ficar fora da oferta, sem os títulos. Isso porque as ofertas podem ser registradas de acordo com a intenção de remuneração, da mais baixa para a mais alta – também falaremos mais adiante sobre isso.

“Caso o investidor tenha uma taxa mínima de atratividade definida para o papel, com base no grau de risco do emissor, prazo do investimento etc, ele pode colocar o percentual abaixo da taxa teto que satisfaça essa condição. Colocando na taxa mínima, ele irá receber o que o mercado, através da demanda de reservas, precificar como uma taxa justa para aquela emissão e não correrá o risco de ficar de fora da oferta”, recomenda Faoro.

Com base nessas intenções dos investidores é que os coordenadores da oferta (bancos de investimento) ajustam os termos da emissão, como a taxa de juros, para garantir que a demanda seja atendida.

Bookbuilding na prática

As etapas fundamentais do processo de Bookbuilding incluem:

  • Selecionar os investidores institucionais a serem consultados;
  • Estabelecer uma faixa de preço, com valores máximo e mínimo, considerando a situação da empresa e as condições do mercado;
  • Apresentar a oferta ao mercado, seja por meio de eventos presenciais, palestras ou documentação formal;
  • Identificar o real interesse dos potenciais investidores na empresa;
  • Registrar as intenções de compra desses investidores, incluindo quantidade e valor;
  • Determinar um preço justo em colaboração com o coordenador da oferta, geralmente um banco de investimento.

Após a conclusão desses procedimentos, o resultado do Bookbuilding é divulgado um dia antes do início das negociações do ativo.

Formas do bookbuilding definir a oferta

O bookbuilding pode definir a oferta da seguinte forma:

Bookbuilding por taxa

O emissor e o coordenador definem uma taxa teto de remuneração e também, se quiserem, uma taxa piso.

O investidor, por sua vez, envia a ordem (pedido pelo ativo), com as suas condições de taxa e quantidade para entrar oferta.  

As ordens são preenchidas até o limite da emissão, dando prioridade a quem deseja a menor taxa – claro, a empresa irá privilegiar quem quer receber menos pelo empréstimo e não há nada de errado nisso, são regras do mercado.

Se a demanda é alta, a remuneração final tende a ser menor que a taxa máxima proposta. Porém, quando a demanda é baixa, é comum ver empresas pagando a taxa máxima para conseguir vender todos os títulos emitidos.

Bookbuilding por volume

O emissor e o coordenador definem uma taxa. O investidor envia a ordem com a quantidade demandada. O valor da oferta é rateado por investidor, conforme o volume demandado. 

Bookbuilding por ordem de chegada

A alocação por ordem cronológica é feita de acordo com a ordem de chegada das ordens. A oferta será encerrada quando o montante demandado atingir o montante ofertado. 

Alocação discricionária

A alocação é realizada para investidores pré-definidos pelo emissor e coordenador. As taxas e volumes são determinados pelo emissor, respeitando o tratamento equitativo entre os investidores.

Vantagens do Bookbuilding

  • Preço Justo: Permite encontrar um preço justo para as debêntures com base na demanda real do mercado.
  • Aumenta a Demanda: Ao ajustar os termos conforme a demanda, a oferta pode se tornar mais atrativa para os investidores.

Remuneração de debênture: o que acontece após o bookbuilding?

Após o período de bookbuilding, a empresa decide os termos finais da emissão. Os coordenadores da oferta alocam as debêntures entre os investidores, considerando as condições apresentadas durante o processo.

A empresa emite as debêntures com os termos definidos e os investidores que participaram do processo recebem os títulos.

De maneira resumida, o processo de bookbuilding é uma prática eficaz para determinar a demanda do mercado e definir os termos finais de uma emissão de debêntures de forma a atender tanto às necessidades da empresa emissora quanto às expectativas dos investidores.

Para saber mais: o que são Debêntures?

Debêntures são títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos no mercado financeiro. Quem compra uma debênture está, na prática, emprestando dinheiro à empresa emissora em troca de juros e, eventualmente, outros benefícios.

Por que fazer uma Emissão de Debêntures?

Empresas podem emitir debêntures como uma forma de financiamento. Ao invés de recorrer a empréstimos bancários, elas conseguem captar recursos diretamente do mercado, oferecendo debêntures aos investidores.

Por que investir em debênture?

As debêntures são títulos de Renda Fixa e, por serem um empréstimo para empresas, costumam entregar retornos maiores do que outros títulos, como os títulos públicos e de bancos. Isso porque, no mercado, quanto maior o risco assumido pelo investidor, maior precisa ser seu retorno, para que o investimento faça sentido – caso contrário, só haveria investimento em títulos do governo, que são considerados os mais seguros.

Outra vantagem é a da diversificação. Ter diversidade de classes de ativos e de ativos dentro da mesma classe é uma estratégia sempre recomendada. Ao investir em debêntures, o investidor está ampliando sua carteira e reduzindo riscos de concentrar seus investimentos em poucas aplicações.

Quanto rende uma debênture?

A remuneração de uma debênture vai sempre atender a estes pontos:

  • Solidez da empresa
  • Taxa básica de juros
  • Prazo de vencimento
  • Tipo da debênture

Quanto mais sólida e melhor avaliada a empresa, menor tenderá a ser a taxa de remuneração. Quanto menos sólida e pior avaliada, maior a taxa.

Da mesma forma, quanto maior a Selic, taxa básica de juros, maior será a taxa de remuneração. Quanto menor a Selic, menor a remuneração.

O prazo do investimento também tem impacto. Quanto maior o prazo, maior a taxa. Quanto menor o prazo, menor a taxa.

Debêntures pós-fixadas

Estas têm percentual de taxa pré-determinada geralmente pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário), sendo que a remuneração será expressa como, por exemplo, 100% do CDI; 120% do CDI; 140% do CDI.

Debêntures Prefixadas

As debêntures prefixadas especificam qual taxa irá remunerá-las. Por exemplo: 6% ao ano; 10% ao ano.

São recomendadas especialmente quando se espera que indicadores como IPCA (inflação oficial), Selic (taxa básica e juros) e CDI irão cair, já que, assim, garante-se a taxa alta do momento.

Debêntures Híbridas

As debêntures híbridas trazem um taxa específica mais um índice de referência. Por exemplo: CDI + 4%. Isso quer dizer que parte da rentabilidade já será do conhecimento do investidor, mas outra dependerá da realidade do mercado no vencimento do título ou na data de negociação no mercado secundário (caso o investidor queira se desfazer do papel antes do vencimento).

Você leu sobre como são definidas as taxas de remuneração de debênture. Para mais informações sobre ativos de Renda Fixa, clique aqui.