O PCS Shoppings (Portfólio Centro-Sul Participações) teve o processo de recuperação judicial aprovado. O grupo é dono de 4 empreendimentos em São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. O total da dívida é de R$ 650 milhões. Os imóveis faziam parte de um fundo da gestora Pátria Investimentos, especializada em private equity.
A solicitação foi deferida pela 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte no dia 21 de agosto, após o Bradesco ($BBDC4), o maior credor da companhia, iniciar um procedimento para assumir a propriedade dos imóveis. Considerando o crédito do banco na alienação fiduciária – em que tem direito à propriedade dos bens, em caso de inadimplência – e as demais dívidas, a quantia devida em aberto chega a R$ 650 milhões.
Destes, R$ 125,6 milhões referem-se a dívidas trabalhistas, dívidas sem garantias (credores quirografários) e dívidas com micro e pequenas empresas, segundo o documento da recuperação judicial. Mais de R$ 500 milhões são relativos à cessão fiduciária do banco, a valores atualizados.
Os empreendimentos, que faziam parte de um fundo da Pátria, foram vendidos em julho, mas os ganhos não foram suficientes para compensar os gastos determinados em contrato, e os investidores tomaram calote da operação.
Os imóveis alvos da recuperação judicial são:
- Bragança Shopping Center, em Bragança Paulista (SP);
- Via Vale Shopping Centers, em Taubaté (SP);
- Lages Shopping Center, em Lages (SC);
- Via Café Shopping Center, em Varginha (MG).
A ação judicial fala em “desequilíbrio da estrutura de capital, aumento da inadimplência de aluguel, vacância das lojas e queda de receitas”, com a pandemia de Covid-19 afetando o tráfego de clientes.
O mercado avalia que os imóveis, em cidades urbanas médias, não tiveram crescimento econômico tão expressivo nos últimos anos.
Pátria: entenda o caso
Em julho, a cota do Pátria Special Opportunities II, um Fundos de Investimento em Participações (FIP) Multiestratégia, passou de R$ 10,55 para negativos R$ 301,04.
O movimento pessimista reflete o desfecho do investimento do Pátria na Tenco, rede de 13 shopping centers focada em cidades médias.
O Pátria investiu na Tenco em 2011, por meio de um fundo de investimento em participações. Esse fundo investia em uma holding, que fazia os investimentos na companhia.
Apesar de parte desses empreendimentos ter sido vendida entre 2021 e 2022, seis fundos tinham exposição aos ativos da Tenco. Para arcar com os custos da venda dos ativos, o Pátria utilizou dinheiro dos caixas desses seis fundos, mas o Special Opportunities II não tinha o suficiente.
Segundo o site Brazil Journal, os sócios do Pátria estão entre os principais cotistas do fundo. Não é a primeira vez que algo semelhante acontece em um fundo do Pátria. Em 2020, o Pátria Special Opportunities I também foi reajustado e as cotas caíram 99,7%, passando de R$ 1 mil para R$ 4.