Os fundos de investimento no Brasil registraram saques líquidos de R$ 14,1 bilhões em maio, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (6) pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Apesar do resultado negativo, o volume mostra uma redução significativa frente aos R$ 50,6 bilhões sacados em abril.
No acumulado de 2025, a indústria de fundos ainda apresenta uma saída líquida de R$ 78,3 bilhões. O patrimônio líquido total, por outro lado, se mantém robusto e encerrou maio em R$ 9,7 trilhões.
Multimercados e ações lideram saídas
Os fundos multimercados foram os que mais sofreram resgates no mês, com captação líquida negativa de R$ 16,2 bilhões. Ainda assim, o valor foi inferior ao observado em abril, quando a categoria teve saídas de R$ 20,8 bilhões. No acumulado do ano, os multimercados já perderam R$ 79,2 bilhões.
Dentro dessa categoria, os fundos do tipo Livre — que operam com estratégias flexíveis — concentraram os maiores resgates, somando R$ 7,4 bilhões em maio.
Os fundos de ações também registraram saídas líquidas, totalizando R$ 3,4 bilhões, bem abaixo dos R$ 7,7 bilhões observados no mês anterior.
Para Pedro Rudge, diretor da Anbima, o cenário pode sinalizar uma mudança gradual de comportamento dos investidores.
“A desaceleração nos resgates pode indicar que os investidores estão, gradualmente, com mais apetite para ativos de maior risco, diante da boa performance da bolsa até o momento. Isso tem impulsionado os retornos dos fundos de ações e multimercados”, afirmou.
Renda fixa também recua, mas em menor ritmo
A renda fixa, que foi destaque em 2024 por se beneficiar dos juros elevados, teve saída líquida de R$ 1,4 bilhão em maio, contra os R$ 21,1 bilhões de abril. O segmento mais afetado foi o dos fundos Duração Livre Crédito Livre — que alocam parte da carteira em títulos de crédito privados de maior risco. Esses fundos concentraram resgates de R$ 12,1 bilhões.
Fundos estruturados e cambiais captam recursos
Apesar do cenário geral negativo, algumas categorias de fundos conseguiram atrair investidores em maio. Os Fundos de Investimento em Participações (FIPs) lideraram a captação líquida positiva no mês, com R$ 2,6 bilhões. Os ETFs (fundos de índice) vieram em seguida, com entradas de R$ 2,2 bilhões.
Também registraram saldo positivo os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), com R$ 1,4 bilhão; os fundos de previdência, com R$ 418 milhões; e os fundos cambiais, com R$ 314,2 milhões.
Rentabilidade se destaca entre ações setoriais e multimercados
Na análise de desempenho, o mês de maio trouxe retornos positivos para a maioria das categorias. Na renda fixa, os fundos Duração Média Crédito Livre lideraram com rendimento de 1,21%.
Entre os multimercados, todos os tipos fecharam o mês no azul. O maior destaque foi para os fundos Long & Short neutro, que combinam posições compradas e vendidas em ações, e entregaram um retorno de 5,29%.
Já na renda variável, o melhor desempenho foi dos fundos de ações setoriais, que avançaram 15,86% no mês. Apenas os FMP-FGTS, que aplicam recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, encerraram o mês no negativo.
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