A pandemia tem feito o mercado imobiliário viver um drama com o alto número de devoluções impactando a chamada taxa de vacância, hoje em 17,29%.
Segundo dados divulgados pela consultoria Buildings, o número de imóveis comerciais vagos aumentou com a crescente adoção do home office. E a tendência é o cenário atual se manter em 2021.
A popular taxa de vacância, que calcula o percentual de imóveis vazios, estava em 13,32% em São Paulo no período pré-pandemia, passando para 17,29% fechamento do ano.
O número de devoluções no mercado imobiliário atingiu o maior patamar desde o 1º trimestre de 2019, quando chegou a 17,47%.
“A quantidade de devoluções no 4º trimestre foi menor que no terceiro, mas ainda assim maior que a tomada de novos espaços. A depender de como as coisas andam, de vacina e da economia, pode ser que essa curva comece a cair no segundo semestre, mas essa já é uma visão mais otimista”, comentou Fernando Didziakas, sócio-diretor da Buildings.
No Rio de Janeiro, a taxa subiu de 22,22% para 24,05% nos nove meses da pandemia. Recorde histórico no Estado, superando os 22,99% registrados no último trimestre de 2017.
Didziakas, da Buildings, foi direto a apontar o culpado pela situação.
“É puro impacto de pandemia. Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2020 a expectativa era que a vacância baixasse para a casa de 10%. Daí veio a pandemia e quebrou o ciclo, que era de queda. Agora, tivemos essa inversão e temos um ciclo de alta de vacância”, disparou.
Mercado imobiliário de SP sofreu mais com a vacância
O levantamento da Buildings mostrou que, apenas na cidade de São Paulo, 302 mil metros quadrados de escritórios foram devolvidos de abril a dezembro, sendo 101 mil em edifícios considerados de alto padrão.
“Na minha percepção, 50% das empresas que devolveram é porque estão sobrevivendo bem ao modelo home office e vão continuar assim por um período. Não sei se de forma permanente, mas muitas perceberam que conseguem rodar bem assim. Os outros 50% são empresas que devolveram seus escritórios por uma pura necessidade de caixa”, avaliou o especialista.
O IBGE informou que ao menos 9,1% da população brasileira ocupada trabalhou à distância ou em home office em novembro, totalizando 7,3 milhões de pessoas.
Uma pesquisa do FipeZap mostrou que a sucessão de fatores fez com que os preços de venda e de aluguel de imóveis comerciais tivessem queda de 1,08% em 12 meses no acumulado até novembro.
“Em linhas gerais, os preços do mercado imobiliário estão mais baixos. Tem regiões que está caindo muito, tem regiões que quase não caem e tem regiões inclusive que o preço está subindo. A região da Faria Lima, por exemplo, está com uma vacância entre 7% a 8%”, observou o representante da Building.