A combinação perversa de crise de petróleo com pandemia derrubou as exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Elas tiveram uma redução de 31,7% no primeiro semestre deste ano (US$ 10 bilhões), ante igual período de 2019.
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Projeções recentes estimam um déficit de US$ 2,2 bilhões entre os dois países este ano, enquanto as exportações devem encolher entre 20% e 25% nesse período.
Já as importações brasileiras do mercado norte-americano apresentaram recuo de 16% a 18%.
Pior resultado em dez anos
Segundo o Monitor do Comércio Brasil-Estados Unidos, divulgado nessa terça-feira (14), este é o pior resultado de exportações nacionais para os EUA de um primeiro semestre na década (2011-2020), em confronto com um recorde positivo, atingido em 2019 (US$ 29,7 bi).
Desse modo, a corrente bilateral entre os países não passou de US$ 23,2 bilhões, a terceira menor em dez anos.
Pandemia é a ‘vilã’
O vice-presidente da Amcham-Brasil, Abrão Neto, atribuiu à pandemia o principal motivo da contração da atividade econômica nesse período.
Sinal que reforça a tendência negativa, também, a queda de 33,2% das exportações brasileiras para o país ianque, em volume, e de 53,8%, em valor.
As importações brasileiras dos Estados Unidos seguiram rumo semelhante, caindo 4,4% (US$ 13,2 bilhões), em quase todos os itens comercializados entre ambos os países.
De acordo com a entidade, esse recuo só não foi maior, devido à importação de uma plataforma de petróleo, no valor de US$ 1,2 bilhão.
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Recuo maior para os EUA
A queda de 7% das exportações brasileiras globais, na primeira metade de 2020 – ante igual período de 2019 – foi quatro vezes do que a verificada nas vendas para os norte-americanos.
Perfis de corrente comercial distintos seriam o motivo para a diferença de desempenho Brasil-EUA, na avaliação de Abrão Neto.
Embora a exportação do agronegócio brasileiro continue em processo de expansão, o vice-presidente da Amcham-Brasil explica que o perfil da pauta brasileira de exportações para os EUA é diferenciado.
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Manufaturados afetados
“Ela (a pauta) é formada, sobretudo, por produtos manufaturados, os mais afetados pela atual conjuntura, com queda de 26%. Essa é a principal explicação para fundamentar uma queda maior para os EUA do que em outras em geral”, analisa.
Segundo parceiro comercial do país, os Estados Unidos participam com 13,4% da corrente comercial, ao passo que a China, a primeira parceira, está bem mais à frente, ostentando participação de 29%.
Sobre as novas tendências do mercado, pós-pandemia, o dirigente entende que a crise servirá como acelerador do comércio internacional, com foco “no interesse de empresas e governos de garantir cadeias de produção mais diversificadas e resilientes”.
“Resta saber como o Brasil vai se posicionar “, questiona.
Propostas encaminhadas
Como contribuição, a Amcham-Brasil apresentou uma série de propostas, ainda para este ano, por meio do estudo intitulado “Brasil-Estados Unidos: 10 Possíveis Entregas para 2020”.
Posteriormente, o documento foi distribuído a autoridades de ambos os países, vinculadas diretamente às relações bilaterais – embaixadores, ministros, secretários e congressistas.





