O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve queda de 0,59% em maio, contra -0,01% em abril. Foi a menor variação mensal desde o início do Plano Real, em 1994. Em maio de 2019, a taxa, que é uma prévia do IPCA, indicador oficial de inflação do país, havia sido de 0,35%.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (26) e a deflação foi registrada em todas as 11 regiões pesquisadas pelo IBGE.
No acumulado de 2020, o IPCA-15 soma alta de 0,35%. Nos últimos 12 meses, a alta é de 1,96%, mas ainda abaixo dos 2,92% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Dos grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco tiveram deflação em maio. São eles: transportes (-3,19%), habitação (-0,27%), vestuário (-0,20%), saúde e cuidados pessoais (-0,13%) e despesas pessoais (-0,09%).
Em contrapartida, outros quatro setores apresentaram alta no IPCA-15: alimentação e bebidas (0,46%), artigos de residência (0,45%), comunicação (0,22%) e educação (0,01%).
De acordo com o IBGE, a queda de 3,15% nos transportes foi influenciada pelo resultado dos combustíveis, que recuaram 8,54% na comparação com o mês anterior. A gasolina (-8,51%) apresentou o maior impacto individual negativo no IPCA-15 de maio (-0,41 p.p.). Mas a variação negativa mais intensa veio do etanol, com -10,40%. O óleo diesel (-5,50%) e o gás veicular (-1,21%) também registraram queda de preços.
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Energia elétrica aumentou
Segundo o IBGE, no grupo Habitação (-0,27%), a contribuição negativa mais intensa (-0,03 p.p.) para o IPCA-15 veio da energia elétrica (-0,72%). Em maio, a bandeira tarifária verde (em que não há cobrança adicional na conta de luz) foi mantida pelo quarto mês consecutivo.
Outros dois itens em queda foram o gás de botijão (-1,09%) e o gás encanado (-0,36%). Este último por conta da redução de 2,50% nas tarifas do Rio de Janeiro (-1,22%), vigente desde 1º de maio. Por fim, destaca-se a variação positiva em taxa de água e esgoto (0,04%), com o reajuste médio de 6,23% ocorrido em uma das concessionárias de Porto Alegre (0,41%) em 21 de março.
Alimentação fora de casa desacelerou
Em alimentação e bebidas (0,46%), houve desaceleração em relação ao mês anterior (2,46%). O número caiu principalmente influenciado pelo comportamento dos alimentos para consumo no domicílio. O número passou de 3,14% em abril para 0,60% em maio. A alimentação fora do domicílio também desacelerou de abril (0,94%) para maio (0,13%).
A cebola registrou a maior alta, com 33,59% de variação. Outros itens de destaque foram a batata-inglesa (16,91%), o feijão-carioca (13,62%), o alho (5,22%) e o arroz (2,59%).
Por outro lado, os preços da cenoura, que haviam apresentado alta de 31,67% no IPCA-15 de abril, caíram 6,41%. Além disso, as carnes (-1,33%) acentuaram a queda em relação ao mês anterior (-0,27%).
Deflação do IPCA-15 nas 11 regiões
Das 11 regiões do país pesquisadas pelo IBGE, todas tiveram deflação em maio. O maior índice foi na região metropolitana de Fortaleza (-0,23%), principalmente com a alta de alguns itens alimentícios, como a cebola (43,87%) e as carnes (2,94%). Já o menor resultado foi na região metropolitana de Curitiba (-1,12%), com o recuo nos preços dos combustíveis (-10,86%), especialmente da gasolina (-10,35%), e das passagens aéreas (-24,48%).
Cálculos
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 15 de abril e 14 de maio de 2020 (referência). Eles foram comparados com aqueles vigentes de 17 de março a 14 de abril de 2020 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos. Ele abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta e na abrangência geográfica.