Após três meses seguidos com fortes ganhos, o Ibovespa sofreu uma grande queda em abril. Inclusive, ele perdeu parte dos lucros que teve nos três primeiros meses do ano. Com a queda recente nas ações na Bolsa, será que elas estão baratas?
Diante disso, o chefe da área de análise e pesquisa do BTG Pactual (BPAC11), Carlos Eduardo Sequeira, em reportagem ao jornal Valor Econômico, relata que de fato as ações na Bolsa estão baratas, mas alerta que faltam gatilhos para entrar nela por causa do ambiente macroeconômico.
Antes de se aprofundar sobre a análise de Sequeira, é preciso apresentar o cenário atual da bolsa. A forte desvalorização em abril provocou um fenômeno de barateamento das ações brasileiras. Em sua reportagem, o Valor Econômico informa que algumas métricas de analistas do mercado revelam que os papéis estão com os menores níveis desde a recuperação da crise de 2008.
Deste modo, as ações no Ibovespa estão com os preços bem descontados. Mas, o ambiente macroeconômico, com juros, inflação e taxa de desemprego altas prejudicam a entrada na bolsa e indicam falta de gatilhos para entrar nela e promover um novo movimento de alta.
Para reforçar este argumento, o BTG Pactual calculou que a relação entre preço e os lucros projetados para os próximos 12 meses do Ibovespa está em 7,3 vezes. Este número é parecido ao que tinha sido observado durante o período do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Ao comparar com as principais ações do Ibovespa, como a Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4), o índice é ainda mais preocupante. Haja vista que o valor negociado foi de 9,1 vezes os seus lucros futuros, fato que não acontecia desde a recuperação da economia global, após a crise financeira de 2008.
Analista do BTG explica o motivo das ações na bolsa estarem baratas
Na reportagem do Valor, Sequeira explica que as ações na bolsa estavam com preços bem atrativos no início de 2022. Por isso, houve um forte fluxo de recursos estrangeiros na bolsa no primeiro trimestre do ano.
O fluxo estrangeiro também derrubou o desempenho da bolsa em abril, pois houve uma diminuição dos investimentos do exterior no Brasil devido a expectativa, que foi confirmada posteriormente, do aumento da taxa de juros nos EUA.
O analista do BTG aponta que a situação do mundo piorou e que essa sensação pode ser percebida com a queda do S&P 500. Além disso, o crescimento da bolsa foi sustentado pelo fluxo estrangeiro e com a sua saída o Ibovespa voltou para um patamar mais baixo.
“A partir de abril, acabou não tendo sustentação de nenhum dos dois lados, o que levou o Ibovespa a níveis de valuation que a gente não via há muito tempo”, explica Sequeira ao Valor.
Vale a pena investir na Bolsa em 2022?
Embora o cenário para renda variável seja pessimista, Siqueira recomenda que o investimento deve ser pensado para um prazo mais longo, uma vez que os níveis atuais estão em uma faixa com boas oportunidades.
Apesar disso, ele comenta sobre os riscos desses ativos, pois há uma tendência de vendas das ações e isso pode acabar suprimindo ainda mais os múltiplos do Ibovespa. “Estamos negociando com um desconto muito grande. Mas, se houver uma queda adicional de 10% ou 15% do S&P 500, é muito difícil que as ações locais performem bem. Esse é o ponto de maior atenção”, explica na entrevista para o jornalão.
O BTG Pactual conta com uma projeção de que o Ibovespa encerre 2022 com 132 mil pontos. Atualmente, o índice está operando na faixa dos 107 mil pontos e o auge deste ano chegou a 121 mil pontos.
Mesmo com essa projeção mais otimista, o analista admite que ela dificilmente irá se tornar realidade, principalmente com o aumento dos juros reais nos Estados Unidos e no Brasil.
Para finalizar, Sequeira não descarta a volta do fluxo estrangeiro no país. Mas, ele voltaria com uma condição: o Fed (Federal Reserve) conseguir fazer um “soft landing” [desaceleração suave] na economia americana. Além da questão eleitoral ser resolvida no Brasil.
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