O departamento de trabalho dos EUA divulgou na manhã desta sexta-feira (7) que o payroll apontou a criação de 263 mil postos de trabalho no país em setembro, abaixo do consenso, cuja expectativa era de 270 mil por parte do mercado.
O levantamento mostra, ainda, que a taxa de desemprego está em 3,5% ante projeção de estabilidade em 3,7%.
Uma nota técnica que acompanha o relatório elenca que o furacão Ian não teve nenhum efeito perceptível nos dados de emprego e desemprego para o referido mês, e a coleta de dados da pesquisa domiciliar foi concluída antes da tempestade alcançar a Flórida.
Também disse que as taxas de coleta de dados de pesquisa de estabelecimentos ficaram dentro das faixas normais nacionalmente e para as áreas afetadas.
Payroll: destaques
- A taxa de desemprego caiu para 3,5% em setembro, retornando ao nível de julho.
- O número de desempregados caiu para 5,8 milhões em setembro.
O relatório ADP e o Fed
Dia 5 de outubro o departamento de trabalho dos EUA divulgou o relatório ADP, considerado uma prévia do payroll. Este apontou a criação de 208 mil empregos no setor privado urbano do país, um crescimento em relação ao número divulgado em agosto, que foi revisado para 185 mil novas vagas. O número ficou acima da projeção do mercado, estimada em 200 mil novas vagas.
Tanto o payroll quanto o ADP são dois importantes termômetros da economia norte-americana e, muito mais agora, por conta da tendência por parte do Federal Reserve (Fed, espécie de banco central dos EUA) de aumentar a taxa de juros do país para conter a inflação.
A próxima reunião do FOMC está prevista para acontecer em novembro, e os traders apostam em nova alta de 75 pontos-base nos juros do país. Entretanto, como o payroll de hoje veio abaixo da projeção, é possível que os analistas atualizem suas projeções. A inflação nos EUA está acima dos 8%.
Grupos pesquisados
De acordo com o departamento de trabalho dos EUA, entre os principais grupos de trabalhadores, a taxa de desemprego dos hispânicos caiu para 3,8% em setembro. As taxas de desemprego para homens adultos (3,3%), mulheres adultas (3,1%), adolescentes (11,4%), brancos (3,1%), negros (5,8%) e asiáticos (2,5%) mostrou pouca mudança ao longo do mês.
Entre os desempregados, o número de desempregados permanentes diminuiu em 173.000 para 1,2 milhão em setembro, e o número de pessoas em demissão temporária mudou pouco em 758.000.
Já o número de desempregados de longa duração (desempregados por 27 semanas ou mais) foi pouco alterado em 1,1 milhão em setembro, e os desempregados de longa duração representavam 18,5% de todos as pessoas desempregadas.
A taxa de participação na força de trabalho foi pouco alterada em 62,3% em setembro, e a relação emprego-população permaneceu inalterada em 60,1%. Ambas as medidas são 1,1% inferiores aos valores vistos em fevereiro de 2020, antes da pandemia de coronavírus.
Tempo parcial
O payroll traz, ainda, que o número de pessoas empregadas a tempo parcial por motivos econômicos diminuiu 306.000 para 3,8 milhões em setembro. Esses indivíduos, que teriam preferido um emprego em tempo integral, trabalhavam meio período porque suas horas haviam sido reduzidas ou não conseguiam encontrar empregos de tempo integral.
Já o número de pessoas que não estão na força de trabalho que atualmente querem um emprego mudou pouco, sendo 5,8 milhões em setembro, e permanece acima do nível de 5,0 milhões de fevereiro de 2020.
Esses os indivíduos não foram contados como desempregados porque não estavam ativamente procurando trabalho durante as 4 semanas anteriores ao inquérito ou estavam indisponíveis para aceitar um emprego.
Entre aqueles que não estavam na força de trabalho e queriam um emprego, o número de pessoas marginalmente ligados à força de trabalho foi pouco alterado em setembro, em 1,6 milhões.
Esses indivíduos queriam e estavam disponíveis para trabalhar e procuraram emprego em algum momento dos 12 meses anteriores, mas não procuraram trabalho nas 4 semanas anteriores à pesquisa.
O número de trabalhadores desencorajados, um subconjunto dos marginalizados que acreditavam que nenhum emprego era disponível para eles, aumentou em 119.000 para 485.000 em setembro.
O payroll veio praticamente em linha com o consenso, sendo que é um número que oscila muito no mês contra mês. Quando a gente olha a quebra do número pela taxa do desemprego, veio abaixo, ou 3,5% sendo que o anterior foi 3,7%, o que configura que o mercado de trabalho teve uma taxa de desemprego menor, e isso foi influenciado pela taxa de participação, ou seja, menos gente entrando no mercado de trabalho, então a taxa acabou tendo essa queda.
Quando a gente olha a renda mensal, esta cresceu 0,3% e se manteve no patamar do mês anterior, lembrando que como a inflação teve queda no mês de julho, e subiu 0,3% em agosto, esse crescimento de 0,3% da renda, em termos reais, sugere uma estabilidade em relação ao dado da inflação, ou seja, a renda real ficou estável, até com uma pequena queda, e isso é novidade, visto que nos últimos meses a inflação vinha rodando em patamares bem mais altos.
Esse quadro mostra algum alívio para a renda americana, mas tem que ver como isso vai influenciar a inflação daqui para frente.
De qualquer maneira, o resultado veio muito parecido com o que o consenso tinha, e mostra um mercado de trabalho americano muito forte ainda, criando muitas vagas e bastante apertado e robusto, o que, obviamente, para o banco central americano não é bom, visto que ele gostaria que o mercado de trabalho começasse a ficar um pouquinho mais fraco para, assim ter confiança de que o mercado vai convergir.
Então, esse número de payroll praticamente consolida uma alta de 75 pontos-base na próxima reunião do Fed, em novembro, e na semana que vem haverá a divulgação da ata da última reunião, bem como dado do CPI.
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