A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, nesta quinta-feira (3), o projeto orçamentário do presidente Donald Trump, apelidado de “Big Beautiful Bill”. A proposta foi aprovada por uma margem apertada de 218 votos a favor e 214 contra, evidenciando a polarização em torno de uma das principais iniciativas legislativas do governo.
Todos os democratas votaram contra o projeto. Do lado republicano, apenas dois parlamentares — Thomas Massie e Brian Fitzpatrick — se opuseram à proposta, que ainda assim passou devido à maioria do partido na Casa.
O projeto, com quase mil páginas, reúne medidas centrais da agenda “América em Primeiro Lugar” defendida por Trump, incluindo cortes permanentes de impostos, reformas no Medicaid, redução de incentivos à energia limpa e novas isenções fiscais para trabalhadores que recebem gorjetas.
Aprovado no Senado no último domingo (29), o texto segue agora para sanção presidencial. Trump já anunciou que pretende assiná-lo nesta sexta-feira (4), em meio às celebrações do Dia da Independência dos EUA.
Big Beautiful Bill: cortes e mudanças estruturais
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o projeto pode adicionar cerca de US$ 3,3 trilhões ao déficit federal nos próximos dez anos. Além disso, estima-se que as mudanças nas regras de elegibilidade do Medicaid poderão deixar até 12 milhões de pessoas sem cobertura de saúde até o final da próxima década. A Casa Branca, no entanto, contesta essas projeções.
Outro ponto polêmico do pacote é o fim gradual dos incentivos fiscais para energia solar e eólica, afetando principalmente o setor de energia limpa. Em contrapartida, o projeto cria isenções fiscais para trabalhadores que recebem gorjetas, permitindo a dedução parcial desses valores — e de horas extras — na base de cálculo do imposto de renda.
Disputa política e maratona legislativa
A votação foi precedida por um intenso embate político no plenário. Em uma tentativa de atrasar a aprovação do texto, o líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, discursou por mais de oito horas consecutivas. Utilizando a prerrogativa conhecida como “magic minute”, exclusiva de líderes partidários, Jeffries criticou duramente os cortes propostos e chamou o projeto de “um ataque aos mais vulneráveis”.
“Este pacote é um presente aos ricos, pago com o sacrifício de milhões de americanos que dependem de programas sociais”, afirmou Jeffries durante o discurso, que foi ovacionado por colegas democratas.
Já o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, celebrou o avanço da proposta, exaltando Trump como “criador e defensor da agenda América em primeiro lugar”. Segundo Johnson, o projeto representa o cumprimento de uma promessa feita aos eleitores republicanos. “Os americanos votaram em nós com esperança, e hoje estamos cumprindo nosso compromisso”, disse.