A Vamos (VAMO3) figura entre as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira (2), repercutindo a nova recomendação de compra feita pelo BTG Pactual (BPAC11), que enxergou espaço para uma valorização de quase 300% das ações. O movimento veio após analistas se reunirem com o CEO da companhia e apontarem sinais de melhora operacional, apesar do curto prazo ainda desafiador.
No relatório, o banco reafirma preço-alvo de R$ 15, muito acima dos cerca de R$ 3,80 de referência utilizados nas estimativas.
“A empresa tem sido disciplinada na execução de seu ‘dever de casa’”, escreveram os analistas, destacando evolução gradual nas tendências operacionais, sobretudo no controle de estoques e na gestão de ativos retomados.
Disciplina operacional e foco na qualidade dos contratos
Segundo o BTG, a Vamos aprendeu com ciclos anteriores — especialmente contratos com forte exposição ao agronegócio — e agora mantém uma postura mais rígida no acompanhamento dos clientes. A companhia considera um contrato perdido após dois pagamentos atrasados, e uma pequena parcela que não devolve veículos gera custos adicionais de manutenção.
Os analistas afirmam que o cenário de retomadas continua elevado, cerca de 6% do imobilizado bruto, mas tende a se normalizar a partir de 2026.
Estoque e depreciação ainda pressionam resultados
O relatório aponta que os estoques seguem como um dos principais desafios de curto prazo:
- Veículos novos estão com cerca de 2,4 meses de estoque, acima do ideal;
- Usados precisam ser reduzidos para aproximadamente quatro meses.
Além disso, a companhia ainda enfrenta forte depreciação em caminhões 6×4, que continuam registrando perdas de dois dígitos, enquanto outros modelos — como basculantes e graneleiros — mostram estabilização. A participação da frota Euro V também segue pressionando margens.
Demanda deve voltar apenas em 2027, mas potencial é elevado
Mesmo com juros altos e incertezas macroeconômicas limitando a demanda por novos contratos de leasing, a administração vê a taxa de utilização subindo para até 90% até o fim de 2026 em cenário conservador.
Para o BTG, embora o curto prazo permaneça desafiador, a combinação de juros mais baixos e ajustes operacionais pode destravar valor relevante não precificado pelo mercado.
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Por que o BTG vê upside tão alto
O valuation apresentado mostra múltiplos comprimidos, típicos de ativos descontados:
- EV/EBITDA 2025E: 3,9x
- P/L 2025E: 3,3x
- Dividend yield 2025E: 7,7%
As estimativas apontam crescimento robusto para receita, EBITDA e lucro líquido até 2026, mesmo num ambiente conservador.
Para os analistas, a combinação de melhora gradual nos fundamentos, disciplina na alocação de capital e normalização das condições de mercado justificam a recomendação de compra com upside expressivo.
“Um ambiente de juros mais favorável pode destravar um potencial ainda não precificado”, conclui o relatório.






