Ao apresentar seus resultados para o terceiro trimestre de 2023 (3TRI23), com lucro líquido reportado de R$ 331 milhões, o Magazine Luiza (MGLU3) informou que precisou realizar ajustes em seus demonstrativos desde o último trimestre de 2022 por causa da descoberta de inconsistências contábeis.
Após receber denúncia anônima a respeito de erros contábeis, em março, a empresa abriu um processo de investigação no qual verificou de parte das bonificações obtidas junto a fornecedores, condicionadas ao desempenho de vendas ao consumidor final (sell-out), foram lançadas contabilmente antes da conclusão das campanhas que eram objeto dos acordos.
A investigação julgou que não houve má fé dos responsáveis, mas notas de débito, utilizadas para reconhecer as receitas das bonificações, foram emitidas de forma imprecisa, o que afetou os registros das obrigações de desempenho, variáveis conforme cada negociação.
Para evitar que o problema volte a acontecer, o conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3) determinou a adoção de medidas de controle interno, como automatização de sistemas de lançamento, revisão das matrizes de risco e aprimoramento do plano sobre processos de negociação comercial.
As modificações tiveram impacto de R$ 829,5 milhões no patrimônio líquido da empresa, embora não tenham afetado o fluxo de caixa operacional dos resultados anteriores.
Esse resultado foi compensado parcialmente pela inclusão de R$ 507,4 milhões em créditos tributários de PIS/Cofins reconhecidos pela empresa a partir de bonificações recebidas de fornecedores. A medida, segundo o Magazine Luiza (MHLU3) foi baseada em uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e adotada por recomendação dos advogados da companhia.
Assim, o impacto líquido dos ajustes foi de R$ 322,1 milhões de redução no patrimônio líquido,o que equivale a cerca de 1% dos ativos da empresa, de acordo com o relatório de resultados divulgado nesta segunda-feira (13).
Magazine Luiza (MGLU3): possível capitalização
Nesta terça-feira (14), o jornal Valor Econômico publicou a informação, por meio do site Pipeline, de que a família Trajano, controladora da companhia, está negociando com bancos e investidores uma possível capitalização da companhia no valor de R$ 2 milhões.
Hoje proprietária de 56% das ações da companhia, a família estaria disposta a investir R$ 1 bilhão, metade do volume almejado para a injeção de capital.
As ações do Magazine Luiza (MGLU3) abriram o dia em forte queda, abaixo de R$ 1,60, após o fechamento em R$ 1,73 na segunda-feira. No ano, acumulam cerca de 40% de perdas.
