14 Jun 2021 às 12:43 · Última atualização: 14 Jun 2021 · 3 min leitura
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Última atualização: 14 Jun 2021
Pixabay
No centro do debate na oscilação atual do bitcoin nas últimas semanas está a questão energética. A criptomoeda começou a perder valor após a declaração de Elon Musk, CEO da Tesla, de que não aceitaria mais bitcoin como pagamento dos seus veículos elétricos. O motivo alegado seria de que a criptomoeda consome energia demais no processo de mineração.
Agora, Musk voltou atrás e afirmou que sua empresa, Tesla, vendeu cerca de 10% dos bitcoins em sua posse, mas que estuda aceitar novamente a criptomoeda como pagamento pelos carros, assim que ficar comprovado o uso de energia limpa razoável (de cerca de 50%) no processo de mineração.
Mas, afinal, quanto o bitcoin realmente consome para ser minerado?
Segundo o diretor de produtos e parcerias da Transfero, Safiri Felix, o bitcoin não consome muita energia. “Principalmente se comparado ao sistema financeiro como um todo. Todas as grandes indústrias consomem energia; na prática, o que o bitcoin está fazendo é estimulando o desenvolvimento de fontes de energia mais eficientes e mais sustentáveis”, disse em entrevista ao portal Panoramacrypto.
O foco, segundo Felix, não deve ser apenas no consumo de energia, mas sim nos benefícios por trás das criptomoedas. Que, segundo ele, é “um trade muito eficiente de troca de energia elétrica por um ativo digital escasso e com alta liquidez”.
A tendência é que o bitcoin e as outras criptomoedas usem cada vez mais energias renováveis nos processos de mineração.
Mas ainda existem várias informações falsas sobre o suposto alto consumo de energia do bitcoin.
Confira abaixo os principais pontos sobre o tema.
O dinheiro tradicional, de papel e moeda, que conhecemos há séculos, é emitido por instituições bancárias que usam não só energia mas diversos outros insumos e matérias-primas para a produção dos mesmos.
Já o bitcoin é feito por um processo tecnológico, a mineração, que envolve computadores e algoritmos.
Na mineração, os mineradores gastam energia real com computação, implicando em um custo financeiro.
Ou seja, existe de fato um consumo energético. Assim como nas moedas tradicionais, o consumo é inerente à criação do “produto”, sendo útil para que ele funcione com segurança.
A energia usada para minerar bitcoin é estimada em tempo real pela Universidade de Cambridge desde 2015.
Por meio deste mapeamento é possível notar que em alguns países, como na China, as operações de mineração se concentram em locais onde há produção de energias renováveis. É usado principalmente o carvão.
A universidade mostrou em estudo de 2020 que 39% da mineração de bitcoins já era realizada com energia renovável e 76% dos envolvidos usam energia renovável em parte do seu consumo.
Estudo recente da Galaxy Digital, chamado de “On Bitcoin’s Energy Consumption: A Quantitative Approach to a Subjective Question” mostra que o bitcoin consome só metade da energia do sistema bancário atual. E ainda mostra que o uso de energia para fomentar o mercado de ouro também é maior do que o bitcoin.
Mas é importante ressaltar que a energia consumida pelo sistema do bitcoin não é proporcional às emissões de carbono na atmosfera.
Com a coleta de dados de geolocalização dá para saber onde se localizam os mineradores da criptomoeda.
Assim, descobrimos que boa parte deles está em regiões próximas a fontes de energia limpa.
E até parte da energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu é usada para mineração.
A energia hidrelétrica tem menor impacto do que a derivada de fontes fósseis.
Inspirado no Acordo do Clima de Paris, o Crypto Climate Accord tem como objetivo reduzir a pegada de carbono do bitcoin. O objetivo é alcançar emissões zero até 2030.
Os mineradores também instituíram um conselho (Bitcoin Mining Council) para discutir o uso de energia limpa.