O caso Master pode se tornar o maior desembolso da história do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Em entrevista ao Broadcast, do Estadão, o diretor-presidente do fundo, Daniel Lima, afirmou que o custo estimado hoje em R$ 41 bilhões pode chegar a cerca de R$ 49 bilhões caso o Banco Master Múltiplo — instituição que abriga o Will Bank — também seja liquidado pelo Banco Central.
Segundo ele, isso ocorreria se o regime de administração temporária especial (Raet) imposto ao Master Múltiplo não produzir o resultado esperado, levando o banco à liquidação e ampliando a base de credores cobertos pelo mecanismo.
Desembolso atual é o maior em 30 anos do FGC
Lima explicou que o fundo trabalha atualmente com a previsão de R$ 41 bilhões para cobrir depósitos do Banco Master, Banco Master de Investimento, Banco Letsbank e Master Corretora de Câmbio. Os valores sairão da reserva de liquidez do fundo, que soma R$ 122 bilhões.
Lima afirmou que esse é o maior caso já enfrentado pelo FGC desde sua criação no modelo atual. O único episódio comparável — ajustado pela inflação — foi o do Bamerindus, nos anos 1990. Ele lembrou que este será o 41º processo de cobertura conduzido pela entidade.
Lista de credores deve ser enviada em até 30 a 40 dias
Já em entrevista à CNN Brasil, Daniel Lima afirmou que o início dos pagamentos depende do envio, pelo liquidante indicado pelo Banco Central, da relação de credores e valores — etapa que historicamente leva entre 30 e 40 dias.
Depois do recebimento da lista, o FGC consegue começar os pagamentos em dois dias úteis. O fundo estima uma base de aproximadamente 1,6 milhão de credores com depósitos e investimentos elegíveis.
Os credores já podem realizar o cadastro preliminar no aplicativo e no site do FGC, mas o pedido de garantia só será disponibilizado após a chegada da base consolidada.
FGC descarta risco sistêmico com liquidação do Master
À CNN, Lima também afirmou que o caso do Master não representa risco sistêmico, destacando que a instituição não era altamente conectada a outros bancos e que sua situação já vinha sendo acompanhada pelo mercado.
Ele lembrou que o fundo mantém colchão de liquidez robusto e que, se necessário, pode acionar a antecipação de contribuições dos bancos associados — mecanismo previsto em regulamento que pode equivaler a até cinco anos de recolhimentos.
Reembolso deve ser concluído em até três meses após início
Com base no histórico de processos anteriores, o FGC estima que cerca de 90% dos credores solicitem o reembolso nos três primeiros meses após o início dos pagamentos.
O processo envolve três etapas:
- Envio da lista de credores pelo liquidante.
- Solicitação de garantia — pessoas físicas pelo app; empresas pelo Portal do Investidor.
- Pagamento, após assinatura digital do termo de sub-rogação.
Lima reforçou que, nos 30 anos de existência do FGC, todas as 40 liquidações anteriores foram pagas conforme as regras — e que isso deve se repetir no caso do Master.
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