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Vale estuda retomar dividendos e prevê mais gastos com Brumadinho

Vale estuda retomar dividendos e prevê mais gastos com Brumadinho

A Vale (VALE3) trabalha para a retomada da distribuição de dividendos em 2020. A política de distribuição de proventos será anunciada no momento oportuno.

A Vale (VALE3) trabalha para a retomada da distribuição de dividendos em 2020. A informação foi dada pelo diretor-presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo, nesta sexta-feira (21), durante teleconferência com analistas.

Segundo ele, porém, a política de distribuição de proventos será anunciada no momento oportuno.

“A empresa vem se provando resiliente, mais segura e eficiente”, disse, em referência às consequências da tragédia de Brumadinho, que completou no final de janeiro um ano.

No entanto, a sinalização não foi suficiente para evitar a queda no preço das ações, que registravam queda superior a 4%, às 13h10.

Bartolomeo acrescentou que o foco da empresa está na reparação à sociedade dos danos causados pela tragédia, mas que a retomada do pagamento dos dividendos será proposta ao Conselho de Administração.

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O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, acrescentou que a política de dividendos, se retomada, será idêntica à anterior.

De acordo com ele, o cálculo consiste no montante equivalente a 30% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), menos o investimento corrente.

“Uma pagamento adicional vai depender do Ebitda e da alavancagem”, ressaltou.

Provisões

Ainda em relação a rompimento da estrutura, que deixou cerca de 250 motos, Siani afirmou que a mineradora poderá fazer uma provisão adicional de US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões – equivalentes a R$ 4,4 bilhões a R$ 8,8 bilhões.

“Essa provisão só vai ser reconhecida se houver uma contrapartida com a suspensão das ações civis públicas existentes”, afirmou.

Segundo informações publicadas no balanço, o potencial acordo ainda é muito incerto, pois está sujeito à conclusão das negociações em andamento e à aprovação da Vale, do Governo do Estado de Minas Gerais, dos Ministérios Públicos e de outras Autoridades e partes intervenientes.

“Portanto, as provisões registradas nas demonstrações financeiras não incluem o resultado potencial dessa negociação, uma vez que ainda não é possível estimar de forma confiável um valor ou se as negociações atuais serão bem-sucedidas”,

No ano passado, as despesas relacionadas à Brumadinho, contabilizadas como saídas no Ebitda, somaram US$ 7,4 bilhões – dos quais US$ 1,14 bilhão ocorreram no quarto trimestre.

Balanço Vale

A Vale registrou um prejuízo líquido de US$ 1,562 bilhão no quarto trimestre do ano passado, revertendo um lucro líquido de US$ 3,786 bilhões de igual intervalo de 2018.

Em comparação ao terceiro trimestre, a Vale também registrou uma reversão do resultado líquido, uma vez que havia lucrado US$ 1,654 bilhão entre julho e setembro.

Relatório independente

Os executivos da Vale comentaram ainda sobre o relatório final do Comitê Independente de Assessoramento Extraordinário de Apuração (CIAE-A), minimizando os resultados, baseados em conclusões “subjetivas” e “interpretativas”, e sem fatos novos.

O grupo se dedicou à apuração das causas e responsabilidades do rompimento da barragem B1, da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

De acordo com o CIAE-A, o rompimento em Brumadinho foi causado por instabilidade estrutural com liquefação.

Segundo o documento, a equipe de apuração concluiu que, desde 2003, a Vale possuía informações que indicavam a condição de fragilidade.

“Tais informações tornaram-se mais relevantes após o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, ocorrido em 2015.”

Adicionalmente, o relatório afirma que em 2016 estudos indicavam a condição de fragilidade e que, em 2017, “a área de geotécnica da Vale ofereceu resistência quanto à aceitação dos resultados obtidos”.

Tá, e aí?

O Morgan Stanley colocou a recomendação para as ações da Vale sob revisão após o relatório do comitê independente.

“As conclusões do comitê independente podem levar a um exame mais minucioso pelas autoridades e multas potencialmente mais altas”, avaliam os analistas, que destacam que os números nublam os sólidos resultados da empresa no quarto trimestre.

Dividendos?

Para o Bradesco BBI, as ações da empresa devem ser reavaliadas, impulsionadas pelo pós-risco de acidente de Brumadinho e que haja margem para dividendos consideráveis ​​em 2020/21.

“Achamos que a empresa está prestes a restabelecer sua política de dividendos, o que conduziria a primeira etapa da reavaliação”, escreveram, em relatório, os analistas Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos.

Já o analista da XP, Yuri Pereira, destacou a forte geração de caixa como o ponto principal do balanço, com a manutenção da alavancagem medida pela dívida líquida / Ebida em 0,5 vez.

“Devido aos baixos níveis de alavancagem e à forte geração de caixa, em nossa visão, potenciais dividendos devem ser o foco em 2020”, escreveu.

Cara ou barata?

“Vemos as ações da Vale sendo negociadas a 4,2x EV/EBITDA 2020, versus pares globais a 5,5x”, acrescentou o analista da XP.

O Bradesco BBI manteve a recomendação outperform, com preço-alvo de US$ 21 – o que representaria um upside de 74%, frente ao preço de US$ 12,05.