A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou, nessa sexta-feira (28), para “muito alto” o risco mundial do Covid-19 virar uma pandemia. Já são 62 países com ao menos um caso, incluindo o Brasil e o México, que teve dois casos recém-confirmados.
Questionado sobre a importância de elevar a avaliação de risco global ao nível “muito alto”, o mais elevado dentro do rol de classificações da OMS, Michael Ryan, diretor de emergências de saúde do órgão da ONU, disse: “não faz diferença legal, mas mostra que o os riscos estão aumentando… Isso não é feito para alarmar ou assustar as pessoas”.
“Esta é uma verificação da realidade para todos os governos do planeta. Esteja pronto – podemos evitar o pior, mas nosso nível de preocupação está no mais alto nível”, continuou ele.
Covid-19 ainda não é uma pandemia
O Dr. Ryan explicou por que o Covid-19 não é uma pandemia, mesmo que o risco de propagação e impacto esteja no nível máximo: “uma pandemia é uma situação única em que acreditamos que todos os cidadãos do planeta serão expostos ao vírus dentro de um período definido”.
“Os dados (do Covid-19) não mostram isso agora. Declarar uma pandemia é inútil quando você ainda está tentando conter uma doença. Declarar uma pandemia significa que você está desistindo de tentar contê-la e adotando a mitigação”, disse.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, já havia seguido pelo mesmo caminho. Ele disse que apenas 23 países relataram mais de um caso de Covid-19 (já são 37 com mais de dois casos) e vários mostraram que surtos locais podem ser contidos.
Na quarta-feira (26), em Genebra, Ghebreyesus disse que “usar a palavra pandemia de forma descuidada não traz benefícios tangíveis, mas apresenta um risco significativo em termos de amplificação do medo e estigma desnecessários e injustificados, além de sistemas paralisantes. Também pode indicar que não podemos mais conter o vírus, o que não é verdade”.
“Não devemos nos render à mitigação”, disse Tedros. “Precisamos de contenção agressiva enquanto nos preparamos para qualquer eventualidade”.
“Pandemia é um termo coloquial, nós queremos ir além de termos coloquiais. Sim, nós estamos no nível mais alto de alerta, no nível mais alto de avaliação de risco”, afirmou Michael Ryan.
Preocupação
“O aumento contínuo do número de casos de Covid-19 e o número de países afetados nos últimos dias são motivo de preocupação”, disse ainda Ghebreyesus. “Nós ainda podemos conter a dispersão do vírus se tomarmos ações robustas e detectar rapidamente o surgimento de novos casos”, completou.
A maior preocupação passa pelo desconhecimento do funcionamento do Covid-19. Particularmente com um caso no Japão em que uma mulher deu positivo pelo vírus pela segunda vez. Segundo testes positivos também foram relatados na China e podem implicar que a doença não contrai a imunidade. Ou seja, os mais de 36 mil pacientes recuperados provavelmente podem ser infectados novamente.
A mulher japonesa, que tem 40 anos e é moradora de Osaka, no oeste do Japão, deu positivo na quarta-feira (26), após desenvolver dores de garganta e no peito, informou o governo. Ela deu positivo pela primeira vez em 29 de janeiro e recebeu alta do hospital após se recuperar em 1º de fevereiro, e chegou a dar negativo em 6 de fevereiro.
Cachorro contaminado
A epidemiologista Maria van Kerkhove, da OMS, afirmou que a organização está trabalhando com autoridades de Hong Kong para entender os resultados que detectaram a presença do novo coronavírus em um cachorro.
Os especialistas não sabem se o cão foi infectado ou se teve contato com o vírus por meio de uma superfície contaminada. Isso abriria uma nova veia de preocupação mundial, caso animais domésticos também fossem portadores e transmissores do vírus.
Números
Até as 18h do dia 28 de fevereiro, segundo dados do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, Estados Unidos, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), eram 84.124 casos em todo o mundo, com 2.868 mortes.
Na China continental, são 78.824 pacientes, com 2.788 mortes. A Coreia do Sul já possui 2.337 pacientes, com 13 mortes associadas ao novo coronavírus. A Itália segue preocupando, com 888 casos e 21 mortes. O Irã tem 388 casos, incluindo o vice-presidente, com 34 mortes, o maior número fora da China. O Japão teve que fechar escolas e fábricas e tem 228 casos, com 4 mortes. Hong Kong (94 casos, 2 mortes), Singapura (93 casos), EUA (62 casos), Alemanha (48 casos), França (57 casos, 2 mortes), Kuwait (45), Tailândia (41), Bahrein (36), Taiwan (34 casos, 1 morte) e Espanha (32) são as maiores preocupações.
O navio de cruzeiro Diamond Princess, ancorado no porto japonês de Yokohama, segue com 705 casos e 6 mortes.
Brasil tem 182 casos suspeitos
O Ministério da Saúde informa que até esta sexta-feira (28), 71 casos suspeitos de coronavírus já foram descartados em todo o Brasil, que permanece apenas com o registro de um caso confirmado da doença no estado de São Paulo.
Segue o monitoramento de 182 casos suspeitos de coronavírus no país. “Os dados foram repassados pelas Secretarias Estaduais de Saúde até esta sexta-feira (28) e demonstram o aumento da sensibilidade da vigilância da rede pública de saúde devido à inclusão de 15 países, além da China, que apresentam transmissão ativa do coronavírus. No total, 16 estados informaram o Ministério da Saúde sobre os casos suspeitos”, informa a pasta, em nota.
Os critérios para a definição de caso suspeito enquadram agora, as pessoas que apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar e tiveram passagem pela Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Malásia, Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China, nos últimos 14 dias.
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