A Eletrobras será capitalizada em 2020, porque o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já teriam entendido a necessidade de recursos para a empresa fazer investimentos, os quais atualmente ela não consegue levantar.
A declaração foi feita pelo secretário de Privatizações do governo, Salim Mattar, dono da Localiza, nesta manhã, durante um evento do BTG Pactual, chamado CEO Conference. Mattar foi entrevistado pelo ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.
Mattar disse que “o congresso está entendendo bem, principalmente o Senado”.
Neste momento, segundo ele, o governo está fechando o modelo de privatização e deve ter a solução em “poucos dias”.
Além disso, o governo está confiante de que irá vender a empresa e conseguir um “dinheiro justo” para o bem público.
Na avaliação de Mattar, os pagadores de impostos têm de receber o dinheiro justo.
Governo que ama lucro
De acordo com os relatos, Mattar teria dito: “Este governo ama empresários, ama capital e ama lucro”.
Mattar ainda relatou que, apesar do acontecimento de algumas greves recentemente, a sociedade está a favor das privatizações. Somente estariam contra alguns grupos com interesses.
Privatização de bancos e Petrobras
Segundo Mattar, as privatizações da Caixa, do Banco do Brasil e da Petrobras não estão nos planos.
“Queremos tomar a sopa pelas bordas. Quem sabe o próximo governo…”, disse.
Saneamento
No painel, ele revelou que o governo terá como foco direcionar os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o saneamento.
A ideia é fazer investimentos de longo prazo em infraestrutura de saneamento.
Ele até brincou que o “S” do BNDES será de “Saneamento”.
Mattar relevou que o Congresso está colaborando “surpreendentemente”, como ele nunca viu, e está muito coerente e correto, vide o marco regulatório do saneamento.
Privatização é palavrão?
“Guedes me convidou pedindo ajuda para privatizar 134 estatais. Chegando ao governo, encontrei não 134, mas 698 passíveis de privatização.”
A meta em 2019 era levantar R$ 80 bilhões em ativos, o que foi atingido. No ano passado, o governo conseguiu vender 71 ativos e levantar R$ 105 bilhões.
Neste ano, o objetivo é levantar R$ 150 bilhões, com 300 ativos. Já foram oito ativos em 2020 e R$ 29 bilhões.
“Temos bons ativos para vender e estamos animados”, citou Mattar.
Guardia perguntou: “Vimos grande avanço na venda de subsidiárias e participações minoritárias de estatais. Por que esta estratégia de começar por estas?”
Mattar respondeu: “Em desinvestir temos pouca resistência, a resistência pública é em desestatizar!”
Segundo ele, na Casa da Moeda, há problemas porque os funcionários estão receosos. O mesmo ocorre na Dataprev, empresa de tecnologia e informações da previdência.
“O cuidado hoje para desestatizar, são os empregos… eles querem manter! É melhor aumentar!”
Empregos
“Vejam como privatizar aumenta emprego. A CSN tinha 9 mil empregos enquanto estatal e hoje conta com 15 mil. A Embraer passou de 9 mil para 18 mil. A Vale, de 10 mil para 70 mil.”
Guardia então perguntou por que privatizar é palavrão.
Mattar explicou que o arcabouço para proteger o bem público é muito forte, existem muitas regras para que não se prejudique o bem público.
Em um caso como o do Correios, é necessário aprovar leis, e isso pode tomar ainda mais tempo, exemplificou.
PIB privado
Antigamente, as concessões ficavam 10% com capital privado e 90% com recursos do BNDES.
“Isto não é privatizar, é estatizar. O governo quer que o dinheiro seja majoritariamente privado e o dinheiro do BNDES, da Caixa e de bancos de desenvolvimento estatais deve ir para microcrédito.”
Para Mattar, o novo Brasil tem de ser criado por PIB privado, e não por PIB público.





