Nesta segunda-feira (17), governadores de 20 estados divulgaram carta na qual criticam declarações de Jair Bolsonaro, feitas no último final de semana, sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, pela polícia militar da Bahia.
Segundo informa a Foilha de São Paulo, “os governadores citam recentes falas de Bolsonaro ‘confrontando os governadores’ e ‘se antecipando a investigações policiais para atribuir graves fatos à conduta das polícias e seus governadores’.
Assinam a nota governadores de 20 estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
Os únicos governadores que não assinaram a carta foram nomes publicamente apoiadores do presidente ou que pertencem ao seu ex-partido, o PSL: Carlos Moisés (PSL-SC), Marcos Rocha (PSL-RO), Antonio Denarium (PSL-RR), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes (DEM-MT), Mauro Carlesse (DEM-TO) e Ratinho Júnior (PSD-PR).
Iniciativa
O movimento partiu de ex-apoiadores do bolsonarismo, os governadores Wilson Witzel (PSC-RJ) e João Doria (PSDB-SP). Ambos se elegeram na onda conservadora antipetista que tomou conta do país em 2018, mas agora tentam se posicionar como adversários políticos do presidente.
O governador paulista se mostrou particularmente incomodado com Bolsonaro quando o presidente sugeriu que a culpa do preço dos combustíveis estava com os governadores, que não cortam o ICMS.
Referindo-se às declarações de Bolsonaro, o tucano disse que o tema deve ser conduzido de maneira “constitucional”: “isso não é uma gincana nem uma brincadeira feita por WhatsApp do desafio, ‘você faz primeiro, eu faço depois’, risca o giz no chão e vê quem vai… Não é assim, é um debate de responsabilidade, o governo de São Paulo é um governo responsável, os outros 26 governos também. Dos 27 governadores, 24 assinaram uma carta não para desafiar ninguém, mas apenas mencionando que o diálogo deve ser no âmbito do Congresso”.
A carta, divulgada pelo Fórum dos Governadores, começou a ser gestada após Bolsonaro ter acusado a “PM da Bahia do PT” de uma “provável execução” de Adriano, ex-capitão da PM morto em operação policial no último dia 9.
Limites institucionais
Jair Bolsonaro foi às suas redes sociais dizer que pode ter havido queima de arquivo pela polícia da Bahia, sob o comando do governador do estado, Rui Costa (PT).
Entretanto, o presidente não viu problemas nas duas homenagens feitas pelo seu filho Flávio Bolsonaro (sem partido), então deputado estadual e hoje senador, ao miliciano na Assembleia Legislativa do Rio.
Também não se referiu a Adriano como investigado da prática de “rachadinha” no gabinete do seu filho. O miliciano teve a mãe e uma ex-mulher nomeadas por Flávio.
O governador petista disse que “estados e municípios não podem ser agredidos de forma regular e constante pelo presidente da República. Governar não é isso, não é agredir prefeitos e governadores toda semana. É preciso dar um basta”.
Entretanto, os governadores estão mesmo preocupados é com a reforma tributária. Segundo eles, o presidente se referiu à reforma, “sem expressamente abordar o tema, mas apenas desafiando governadores a reduzir impostos vitais para a sobrevivência dos estados”.
“É preciso observar os limites institucionais com a responsabilidade que nossos mandatos exigem. Equilibro, sensatez e diálogo para entendimentos na pauta de interesse do povo é o que a sociedade espera de nós”, dizem os governadores na carta.
Eles seguem: “ttrabalhando unidos conseguiremos contribuir para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, pela redução da desigualdade social e a busca pela prosperidade econômica. Juntos podemos atuar pelo bem do Brasil e dos brasileiros”.
Ao final, eles convidam Bolsonaro a participar de um encontro do fórum em 14 de abril. O presidente ainda não respondeu se aceita o convite.
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