Empresas espaciais como a SpaceX de Elon Musk e a OneWeb de Greg Wyller correm para lançar satélites no espaço e oferecer internet banda larga para usuários de todo o globo terrestre.
No entanto, existe um grande problema: a criação e consequente ameaça do “lixo espacial”, dizem especialistas.
Esses detritos flutuando no espaço podem trazer riscos para futuras missões espaciais e lançamentos de satélites. Também, podem fazer com que objetos que estejam em órbita sejam direcionados de volta a terra.
Lixo espacial
Desde o final da década de 1950 ocorreram mais de 5.000 lançamentos no espaço. Onde 9.000 satélites foram colocados em órbita, segundo a Agência Espacial Europeia (ESA). Contudo, menos de 2.000 estão em funcionamento hoje. Enquanto 5.000 ainda estão vagando pelo espaço.
Portanto, são esses objetos em desuso, que podem ser satélites inteiros ou até pedaços de foguetes, que são chamados de lixo espacial.
Ainda, de acordo com a ESA, existem 22.300 pedaços de detritos que são rastreáveis e possuem mais de 10 cm. Porém, pode haver centenas de milhares a mais, que não podem ser rastreados.
Uma das razões para o aumento do lixo espacial são os “estágios” de foguetes, que são ejetados do corpo principal da nave. Quando esses explodem, eles se fragmentam em muitos pedaços, que permanecem no espaço.
Outro grande problema, são os lançamentos de mísseis antissatélites. Por exemplo, em 2007, a China explodiu um dos seus próprios mísseis, o que fez aumentar em 25% o número de lixo espacial rastreável.
Já em 2009, a Índia realizou o lançamento de mísseis semelhantes em um dos seus próprios satélites.
Colisão
Entretanto, um evento ainda mais preocupante ocorreu em 2009. Dois satélites colidiram entre si e, segundo a ESA, esse evento gerou 2.300 novos fragmentos rastreáveis.
Por fim, conforme aumenta a quantidade de lixo espacial, também aumenta o risco de um efeito em cascata.
Quanto mais destroços estiverem viajando a milhares de quilômetros por hora no espaço, maior será a chance desses destroços se colidirem – o que resultaria em mais fragmentos e mais lixo.
“Imagine como seria a navegação em alto mar se todos os navios perdidos da história ainda estivessem à deriva no topo da água”, disse o diretor-geral da ESA, Jan Worner, em comunicado no ano passado.
Novos satélites
Contudo, existem diversos riscos relacionados ao acúmulo de lixo espacial.
Desde um eventual impacto com a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), à possível colisão com naves espaciais que estejam transportando seres humanos e até a queda de grandes detritos espaciais.
De acordo com a ESA, “objetos que reentrarem na atmosfera de forma descontrolada podem chegar ao solo e criar riscos pra a população no solo”.
“O ambiente espacial é muito delicado”, disse Christopher Newman, professor de direito espacial e política da Universidade de Nortumbria, no Reino Unido, ao podcast “Beyond the Valley“, da CNBC.
Segundo Newman, “por muitos, muitos anos houve a prevalência do que chamamos de ‘grande Teoria do Céu’ — o espaço é grande, não precisamos nos preocupar com isso.”
“Mas, na verdade, a quantidade de espaço operacional que estamos usando é realmente muito pequena e especialmente agora, com as constelações procurando ocupar grandes áreas de órbita baixa da Terra, está se tornando ainda mais lotada”, acrescentou Newman.
Remoção
Em novembro de 2019 a ESA declarou, em um comunicado de imprensa, que firmou contrato com a start-up Clear Space para remover um objeto da órbita baixa da Terra.
A missão, que deve acontecer em 2025, consistirá no lançamento de uma nave não tripulada.
Outra empresa que promete remover lixo espacial é a Astroscale. Que já tem contrato com a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) para remover detritos espaciais e a missão está programada para 2022.
“A remoção ativa de detritos se tornará uma área onde acho que teremos que prestar maior atenção”, disse Newman.






