Após uma votação apertada no Senado, a Câmara dos Representantes, que é o equilanete à Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, assumiu a condução do projeto de lei de triburação proposto pelo presidente Donald Trump. Porém, a perspectiva é nebulosa para a Casa Branca, pois estão surgindo dificuldades para que o pacote seja aprovado.
A medida foi aprovada pelos senadores por uma margem mínima de 51 a 50, com o voto de desempate do vice-presidente JD Vance, refletindo o clima de tensão e divisões internas dentro do Partido Republicano.
Agora, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, enfrenta um cenário incerto para viabilizar a aprovação da proposta em sua casa legislativa. Diversos membros de sua bancada já se manifestaram contrários à versão aprovada pelo Senado, considerada por alguns como um retrocesso em relação ao texto original aprovado pela Câmara em maio por uma estreita margem de 215 a 214 votos.
Um dos críticos mais contundentes foi o deputado Andy Ogles, do Tennessee, que afirmou em publicação na rede X (antigo Twitter): “Eu não trabalho para o parlamentar do Senado. Eu trabalho para o POVO”. Ele classificou a versão do Senado como um “fracasso” e disse ter apresentado uma emenda para restaurar o texto original da Câmara.
Tributação de Trump: há oposição até de republicanos
Outros parlamentares republicanos, como Ralph Norman (Carolina do Sul), Thomas Massie (Kentucky) e Warren Davidson (Ohio), também sinalizaram oposição à nova versão do projeto. Andy Harris (Maryland), líder do grupo conservador Freedom Caucus, optou por se abster na votação anterior e permanece uma incógnita.
Com uma margem de manobra apertada, Johnson só pode perder três votos republicanos caso todos os membros estejam presentes. No entanto, a logística também se tornou um obstáculo: fortes tempestades em Washington D.C. atrasaram voos e impediram o retorno de alguns legisladores. Como a Câmara não permite votação remota, a ausência de parlamentares pode comprometer a estratégia republicana.
O prazo autoimposto pelos republicanos para votar o projeto até 4 de julho também pressiona a liderança da Câmara. Apesar disso, Trump tem adotado um tom mais flexível quanto ao cronograma nos últimos dias.
Alterações ampliam impacto fiscal
O impasse se intensifica devido às alterações feitas pelo Senado, que ampliaram significativamente o impacto fiscal do projeto. A nova versão inclui um aumento de US$ 5 trilhões no teto da dívida, um trilhão a mais do que o valor aprovado pela Câmara. Estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) apontam que o texto pode adicionar US$ 3,9 trilhões à dívida nacional — um ponto crítico para os republicanos mais conservadores.
O projeto só poderá seguir para sanção de Trump após a Câmara aprovar a versão final do Senado. Até lá, o embate interno entre alas moderadas e linha-dura do Partido Republicano promete dominar o debate político nos próximos dias.