O bilionário Elon Musk afirmou na quarta-feira (11) que se arrepende de declarações feitas nas redes sociais sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A confissão veio após uma semana marcada por tensão entre os dois, que expôs o fim de uma aliança estratégica que influenciava decisões no alto escalão do governo norte-americano.
“Lamento algumas das minhas postagens sobre o presidente @realDonaldTrump na semana passada. Elas foram longe demais”, escreveu Musk em seu próprio site, o X.
A disputa rompeu a parceria que havia levado Musk a chefiar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) durante o segundo mandato de Trump — um posto que lhe dava poder para reduzir gastos públicos. O impacto político se somou a efeitos financeiros: as ações da Tesla sofreram queda histórica, embora tenham recuperado parte das perdas posteriormente fechando em US$ 326,09.
A origem do conflito
O estopim da crise foi a rejeição de Musk ao projeto de lei “One Big Beautiful Bill Act”, defendido por Trump. Em entrevista à CBS, o empresário criticou a medida: disse que ela “prejudica” o trabalho do DOGE e alertou, nas redes sociais, que o pacote aumentaria “substancialmente” o déficit dos EUA. A resposta da Casa Branca foi imediata, negando os efeitos negativos apontados por Musk.
Trump então reagiu, afirmando que haveria consequências se Musk apoiasse opositores democratas. Na Truth Social, acusou o empresário de ter “perdido a cabeça” e sugeriu o fim de contratos federais com as empresas de Musk. A escalada incluiu trocas de farpas pessoais e até ameaças veladas de ambos os lados.
Postagens deletadas e recuos estratégicos
Durante a crise, Musk publicou — e depois apagou — uma série de mensagens polêmicas. Entre elas, uma postagem em que relacionava Trump aos “arquivos” do agressor sexual Jeffrey Epstein e outra em que dizia “sim” a um pedido de impeachment do presidente. Ambas desapareceram da rede, num sinal claro de recuo.
Chegou-se ao ponto de Musk ameaçar suspender a nave Dragon, da SpaceX, usada para levar astronautas à Estação Espacial Internacional. A ameaça foi rapidamente retirada após repercussão negativa. Mesmo assim, a tensão colocou em xeque a relação entre os negócios de Musk e o governo federal.
Sinais de trégua
No fim de semana, houve um tom mais conciliador. Musk apagou parte das postagens mais agressivas. Trump, por sua vez, indicou na segunda-feira (9) que não teria problemas se Musk quisesse retomar o contato. Também declarou que manterá o serviço de internet via satélite Starlink, da SpaceX, ativo na Casa Branca.
Apesar dos sinais de distensão, a crise deixou marcas profundas. A relação entre Musk e Trump, antes marcada por interesses comuns e colaborações de alto nível, parece agora ferida por mágoas públicas e danos colaterais corporativos.
A repercussão nas bolsas, a reação do governo e o próprio arrependimento de Musk mostram que, mesmo no mundo dos gigantes da tecnologia e da política, palavras têm peso — e consequências.
