15 Mai 2022 às 11:52 · Última atualização: 24 Jun 2022 · 6 min leitura
15 Mai 2022 às 11:52 · 6 min leitura
Última atualização: 24 Jun 2022
Reprodução/Pixabay
Inúmeros textos e vídeos que circulam em sites e plataformas sociais afirmam que não é viável ter o COE na carteira de investimentos. O problema é que, na maioria das vezes, essa informação é digerida sem uma análise criteriosa dos argumentos e compartilhada em diversos canais, o que contribui para aumentar o receio dos investidores em relação a esse modelo de aplicação.
No entanto, é importante entender que nem todos os relatos e opiniões publicados no ambiente virtual levam em conta as particularidades desse investimento. Por esse motivo, é fundamental obter o máximo de conhecimento acerca não apenas do COE, mas de todos os títulos que compõem o mercado financeiro.
Você deseja saber se é viável ter o COE na carteira de investimentos? Se a resposta for sim, ótimo! Neste texto, explico todas as informações importantes em relação a essa aplicação.
O COE (Certificado de Operações Estruturadas) é uma modalidade de aplicação que pode ser emitida por bancos, mas com uma característica peculiar: ela conta com estratégias de derivativos.
Esse tipo de investimento, além de oferecer boas oportunidades de rentabilidade, proporciona maior segurança ao investidor, uma vez que reúne títulos de renda fixa e variável, tanto nacionais quanto internacionais, com riscos de perdas minimizados.
O COE é estruturado em três partes: renda fixa, derivativos e custos. Nesse modelo, caso o investidor queira aplicar uma quantia de R$ 100 mil, com vencimento em cinco ano, o dinheiro será dividido da seguinte maneira:
E o quanto cada um desses títulos vai render? A resposta é bem simples.
A alocação de R$ 50 mil em um CDB, que rende 14,8% ao ano, proporcionará R$ 100 mil no final do período de investimento. Enquanto isso, os derivativos seguirão o desempenho da bolsa de valores, já que servem para rentabilizar a estrutura do COE.
Por exemplo, se o investidor optar por um COE na bolsa dos Estados Unidos, o rendimento dos derivativos será baseado no desempenho do ativo no ambiente de negociação daquele país.
Dessa forma, com ações americanas subindo, o investidor obterá lucro com as operações. Já em casos de queda da bolsa, as opções “tornar-se-ão pó”. Todavia, o investidor receberá o capital aplicado de volta no vencimento do COE.
Em outras palavras: na pior das hipóteses, todo o capital aplicado (R$ 100 mil) será retornado ao investidor.
Há dois tipos de COE que podem ser inseridos na carteira de investimentos: COE com capital 100% protegido e COE com retorno financeiro.
É importante entender que ambos os modelos garantem que o capital investido seja retornado no vencimento da aplicação. Entretanto, o primeiro propicia lucros apenas se o ativo no qual o COE está investido apresentar elevação.
Sendo assim, em casos de alta da bolsa, a marcação será positiva e haverá lucros do COE na carteira de investimentos. Se a bolsa cair, por outro lado, o dinheiro ficará estático.
Já o COE com retorno garantido, como o título sugere, proporciona rentabilidade, independente da variação positiva ou negativa na bolsa.
Em situações de crescimento, o investidor rentabiliza de acordo com a alta do período. Em momentos de queda, ele garante seu rendimento com a taxa de retorno. Ou seja: o investidor lucra, mesmo no pior dos cenários.
Desse modo, fica simples entender o que os analistas dizem sobre a segurança da fixa e a rentabilidade da renda variável com o COE na carteira de investimentos.
O COE é estruturado a partir de alguns tipos de aplicação e com um prazo de vencimento. Por esse motivo, esta operação não pode ser desmontada antes do prazo, pois o CDB (que garante o capital do título) ainda encontra-se em maturação.
Dessa maneira, em casos de venda, a negociação será realizada por um preço mais baixo do que o valor estabelecido no vencimento. Vale destacar que, com o COE vencendo antes do prazo, o investidor pode ter prejuízos de até 30%, dependendo das condições do mercado.
Portanto, uma dica: o investimento em COE só deve ser feito se a pessoa tiver condições de deixar ele até o vencimento.
Investir na bolsa de valores (opção que oferece riscos), sem correr o perigo de oscilações do capital, é algo bom ou ruim? E aplicar na bolsa, com possibilidade de ganhar em períodos de queda e lucrar ainda mais em tempos de alta, é viável ou não?
As respostas para essas perguntas ajudam a entender se o COE é um bom ou mau investimento. Mas, por que, então, muitos questionam a viabilidade desta aplicação?
Várias pessoas acreditam que o COE não é um bom investimento por três motivos:
Quanto ao último item, atualmente, as informações estão mais transparentes. Hoje, o COE cobra custos de 1% a 1,5% ao ano (5% a 7,5% em um investimento com vencimento de cinco anos) para o investidor para realizar a aplicação. Esse número está em linha e até abaixo, comparado a outros títulos do mercado.
Um fundo multimercado, por exemplo, cobra em alguns casos uma taxa anual 2% sobre o valor aplicado na operação, mais 20% de performance. Em cinco anos, esse juros será de 20%, além da performance, o que tornará a estratégia ainda mais onerosa.
No final, o COE é mais barato para investir, além de oferecer muito mais segurança ao investidor.
O COE na carteira de investimentos oferece segurança e bons rendimentos. No entanto, essa aplicação não é recomendada para todas as pessoas, uma vez que os investidores reúnem algumas características que indicam quais títulos são mais adequados para eles.
Para exemplificar isso, vamos relembrar alguns pontos sobre o tripé dos investimentos.
Nesse modelo, há três características inerentes a qualquer espécie de aplicação: rentabilidade, segurança e liquidez. Desses elementos, o investidor deve sempre escolher dois e abrir mão de algum.
Considerando todas as opções, a aplicação em COE é recomendada apenas para aqueles que almejam alto rendimento, desde que seja obtido com segurança e dispensado a liquidez.
Portanto, pessoas com esse perfil são as mais adequadas para aplicar neste título, pois terão paciência suficiente para esperar seu vencimento e, assim, obter o grande lucro almejado.
Por Valter Manfro, head de operações estruturadas da EQI Investimentos.