08 Jun 2022 às 10:42 · Última atualização: 08 Jun 2022 · 8 min leitura
08 Jun 2022 às 10:42 · 8 min leitura
Última atualização: 08 Jun 2022
Reprodução/Pixabay
Apesar da sinalização de aumento dos juros por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião de maio, muitos já acreditam que o ciclo de alta da Selic esteja próximo do fim. Dessa forma, começa-se a pensar se não seria o momento de alongar prazos dos investimentos, para aproveitar as atuais taxas de juros.
Se você também tem dúvidas sobre para onde vai a Selic e o que fazer com os seus investimentos, confira o conteúdo a seguir.
Recentemente, Denys Wiese, head de Renda Fixa da EQI, e Rômulo Luz, assessor de investimentos da corretora, falaram sobre o tema. Continue a leitura e conheça as orientações da EQI sobre as melhores opções para cada ciclo econômico.
Antes de mais nada, é preciso entender como funcionam os ciclos dos juros, e por que eles se alteram periodicamente.
Os ciclos econômicos vêm da ação dos bancos centrais. Quando desejam reduzir os juros, ampliam a quantidade de dinheiro em circulação. Por outro lado, quando há um aumento nas taxas, há redução na liquidez, ou seja, na oferta de moeda circulante.
Em outras palavras, o banco central calibra os juros, para fazer a economia acelerar ou arrefecer. No segundo caso, o objetivo é conter a alta de preços.
Denys Wiese observa que, no Brasil, os ciclos econômicos duram de quatro a cinco anos em média. “Por aqui, esses ciclos são um pouco mais curtos do que em economias mais maduras. No entanto, esses movimentos existem em qualquer país”, explica.
O head da EQI também observa que, para cada fase desse ciclo econômico, existem investimentos mais apropriados.
De forma geral, quando estamos iniciando um ciclo de queda dos juros, o certo é prefixar as taxas. Isso significa obter taxas mais altas nos investimentos antes que elas venham a cair novamente.
Por exemplo, o Tesouro IPCA+ pode ser uma boa alternativa nesses momentos. Isso porque, além de proteger o dinheiro da inflação, possui parte da remuneração prefixada.
Rômulo Luz observa que, com juros mais baixos também é interessante investir em ações de crescimento, cujo valor está no fluxo de caixa futuro. “Essas empresas precisam se alavancar para crescer, e isso é mais factível com juros mais baixos”, explica o assessor.
Já quando os juros caem mais, é momento de investir em pós-fixados e continuar com ações de crescimento. “Como os juros ainda estão em queda, essas companhias continuam se beneficiando”, reforça Rômulo.
Outra parte do ciclo econômico inicia quando a inflação começa a subir e, consequentemente, os juros também. Nesse momento, é hora de se posicionar em papeis pós-fixados e ações de valor, ou seja, papéis de empresas que já cresceram, estão estabelecidas e não precisam mais se alavancar para crescer.
Alguns exemplos dessas empresas são as que atuam nos setores de geração de energia, transmissão e saneamento. “Além de terem uma demanda certa e garantida para seus serviços, essas companhias também são boas pagadoras de dividendos”, observa Wiese.
Por fim, quando inicia a queda dos juros e da inflação, é hora de voltar para os prefixados, IPCA+ e continuar com ações de valor. Isso porque, nesse momento, ainda é arriscado voltar a comprar ações de crescimento.
Wiese e Luz avaliam que, hoje, o Brasil está entrando na fase da recessão. Por outro lado, Europa e Estados Unidos encontram-se no final da fase de expansão.
“Hoje, o Brasil está em um caminho oposto aos EUA e Europa. Por aqui, começamos a precificar juros menores no longo prazo, pois já fizemos o trabalho de aumentar no curto. Lá, esse movimento começou recentemente”, observa Denis.
Esse movimento levou o Brasil a um fenômeno chamado inversão da curva de juros, que favorece alongar prazos dos investimentos.
Nesse sentido, Wiese explica que o normal da curva de juros seria seguir a lógica de juros longos mais altos do que os juros curtos. Isso acontece porque, de forma geral, a incerteza é maior no futuro do que no presente.
“No entanto, a contundente subida de juros pelo Banco Central está invertendo essa dinâmica. Isso porque os juros curtos, com vencimento em 2023/2024 estão mais altos. Ao passo que os juros projetados para um futuro mais distante já estão com projeção de queda”, explica.
De acordo com o head, esse efeito se explica pela forma como o mercado vê o Brasil. Hoje, entende-se que os juros altos do presente viabilizam juros mais baixos no futuro.
“Este é o fator que está nos fazendo alongar o prazo das nossas aplicações. A partir do momento em que a inflação começar a cair, os juros cairão. A tendência é que os prefixados voltem em dois ou três anos a patamares entre 10, 9, ou 8% a.a. Portanto, agora é a hora de aproveitar os juros altos”, orienta Wiese.
O assessor Rômulo Luz também compartilha dessa opinião. Nesse sentido, orienta que os investidores façam uma cotação de saída de seus investimentos atuais para analisar os possíveis ganhos em trocá-los por títulos com prazo mais longo e taxa maior.
Isso vale, principalmente, no caso dos investidores que tenham uma estratégia conservadora, de longo prazo e bem definida.
“Sair antes do vencimento e arcar com um prejuízo pequeno pode valer a pena para quem pode rolar esse investimento por mais quatro ou 5 anos. Porém, é preciso fazer algumas contas e verificar as condições conforme o vencimento e taxa contratada”, analisa o assessor.
Para exemplificar, considere três diferentes situações:
A situação 1 se refere a um investidor que comprou um CDB prefixado de 1 ano, com rendimento de 13,5%. Ele optou por esse CDB porque queria deixar passar as eleições e não queria alongar prazo. Esse CDB venceu, e o investidor reaplicou o recurso agora a uma taxa de 10% (nesse momento, ele decidiu alongar o prazo, e comprou um de 4 anos).
A situação 2 se refere a um investidor que comprou um CDB de 5 anos, com taxa de 14% ao ano. E manteve assim até o final do prazo.
E a situação 3 se refere a um investidor que possuía um CDB que faltava um ano pro vencimento, comprado a uma taxa inferior. Ele decidiu sair do papel com um deságio de 5% e, com o recurso, comprou outro CDB, agora de 5 anos, a uma taxa de 14% a.a.
Observe que a melhor situação é a 1, em que, com capital novo, o investidor opta pelo CDB de 5 anos, taxa de 14%.
A segunda melhor situação é a 3, em que o investidor decide vender um título ruim e comprar um muito melhor e mais longo.
E a pior situação é a 2, em que o investidor continua com o CDB que ainda não venceu até o fim. Logo depois, renova a aplicação por uma taxa bem menor. No entanto, se colocássemos no cálculo o Imposto de Renda, a situação 2 pioraria ainda mais.
De acordo com o assessor da EQI, se a premissa de que daqui um ano os juros estarão menores, faz muito sentido sim alongar prazos dos investimentos.
E um assessor da EQI Investimentos pode te ajudar, via mercado secundário, buscando um comprador para os seus títulos atuais e apontando as melhores opções do momento para títulos com prazos mais longos.