No pós-eleição que definiu que Luiz Inácio Lula da Silva será o novo presidente do país a partir de 2023, o mercado lida com dois medos:

• A existência de um “terceiro turno”, com a contestação do resultado;
• E a indefinição da equipe econômica.

Para Ettore Marchetti, CEO da EQI Asset, o que se vê até aqui é que não haverá questionamento ao pleito, dado que os principais aliados do presidente Jair Bolsonaro já se manifestaram reconhecendo o processo eleitoral como legítimo.

Já em relação à composição do governo Lula 2023, ele diz, a expectativa é que seja um governo de centro-esquerda, mais ao centro do que foram os últimos governos petistas, sob Dilma Rousseff.

“Para a pasta da Economia, são cogitados os nomes de Henrique Meirelles, Marcos Lisboa e Alexandre Padilha”, ele diz. “São dois nomes muito bons e um médio, na leitura do mercado”, aponta.

“Meirelles seria uma opção genial, afinal foi ele que criou o teto de gastos. Já sabemos que haverá mudanças na regra do teto, mas a escolha desse nome indica uma responsabilidade fiscal”, pondera.

E complementa: “Marcos Lisboa é ex-professor do Insper, um liberal, que também seria uma boa escolha. O Padilha é a opção que menos agrada ao mercado, mas acredito que se assemelharia ao que foi Antônio Palocci (ex-ministro da Fazenda de Lula), que o mercado acabou por receber bem”, avalia.

Para a Agricultura, diz Ettore, os nomes ventilados no mercado são o de Simone Tebet ou Blairo Maggi, ambos muito bons, na sua leitura. Tebet, do MDB, é advogada, professora e senadora pelo Mato Grosso, ligada ao agronegócio, e concorreu ao primeiro turno presidencial, tendo se aliado a Lula no segundo turno.

Maggi, por sua vez, é engenheiro agrônomo, empresário e político brasileiro. Foi ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do governo Michel Temer.

Para a saúde, cuja escolha deve ficar a cargo do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, a expectativa é de um convite para David Uip, médico infectologista brasileiro, ex-diretor-executivo do Instituto do Coração de São Paulo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. 

“Ou seja, se confirmados esses nomes, será um governo de coalizão, um governo centro-esquerda, com mais centro do que nos últimos governos do PT”, ele acredita, salientando que vê um estresse inicial no mercado, mas uma acomodação da bolsa já nos próximos dias.

Congresso mais à direita

Denys Wiese, head de renda fixa, e Walter Manfro, head de operações estruturadas, ambos da EQI Investimentos, realizam nesta segunda-feira (31), às 18h15, uma live para explorar o que o investidor pode esperar do novo governo Lula e para quais ativos ele deve olhar a partir de agora.

A tendência, eles adiantam, é que Lula faça um programa que tenda ao centro, por alguns motivos:

• o leque de apoios, inclusive com vários economistas do campo liberal que fizeram parte de governos como o de Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer;
• a necessidade de lidar com um congresso de direita, especialmente no Senado –  os partidos de centro-direita contarão, a partir de 2023, com 66 das 81 cadeiras disponíveis na Casa.
• apoio de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central nos dois governos anteriores de Lula (2003–2010) e ministro da Fazenda de Michel Temer (2016–2018), cotado para o cargo de ministro da Economia. 

“O mercado espera uma atuação mais pragmática. Não deve haver um descarrilamento do rumo atual, assim como não deve haver uma grande aceleração da economia no longo prazo”, observa Wiese.

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