Os fundos imobiliários são um tipo de investimento que exige decisões calculadas com foco no médio e no longo prazo, sem se deixar levar pelo calor do momento e por análises que podem ser transitórias. Esse foi o recado deixado pelos participantes do painel “Melhor estratégia investindo em fundos imobiliários”, realizado nesta terça-feira na sequência da 7ª Money Week.
“Estou no mercado há muito tempo e já vi diferentes políticos e políticas econômicas, com volatilidade e oscilações. O importante é manter a disciplina, tomando decisões pautadas por estudos e análises, e não por rumores de mercado e por efeito manada, sem pensar no que vai acontecer hoje ou na semana que vem. O perfil de investimento imobiliário sempre foi de um investimento de médio e longo prazo”, explica Rodrigo Abbud, sócio-fundador e head de Office da VBI Real Estate.
“Serenidade é a palavra. Nosso país já passou por outros momentos assim, de volatilidade e alterações de cenário. O importante é tomar decisões com serenidade, tendo olho nos fundamentos positivos de cada ativo, avaliando com tranquilidade o horizonte de longo prazo, sem tomar decisões de investimento de hoje para amanhã, aproveitando os ciclos para construir patrimônio”, completou Fábio Carvalho, diretor de Finanças e Investimentos da Alianza.
- Ainda dá tempo de participar! Faça já sua inscrição na Money Week.

Após as eleições, hora de olhar para a frente
Os FIIs tiveram um salto de adesão nos últimos cinco anos. De 120 mil cotistas em 2017, hoje são mais de 1,5 milhão de investidores. O cenário atual da economia brasileira, no entanto, com altas taxas de juros em nome do combate à inflação, tem feito parte desses investidores deixar o mercado em busca de opções de renda fixa.
Felipe Paletta, analista de FIIs e sócio da Monett, participou como mediador do painel e lembrou que o cenário de instabilidade e incerteza deve persistir pelo menos até o início do ano que vem, com a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ele questionou os participantes sobre como escolher uma estratégia que fuja dessa volatilidade.
“É um novo presidente, mas que já esteve no cargo no passado, então a gente consegue trabalhar com essa reflexão: como foi o governo anterior dele? E acredito que não deve haver grandes mudanças na política econômica, deve ser uma equipe ‘market friendly’, ou seja, amigável ao mercado. O governo assume com a casa relativamente organizada, com crescimento, superávit e controle da inflação, ao contrário do resto do mundo”, explica Abbud.
Além disso, diz o economista, a gestão anterior de Lula, entre 2003 e 2010, foi benéfica ao setor de fundos imobiliários. “Foi um governo que acelerou consumo, acelerou vendas, reduziu taxa de juros; se o cenário for esse mesmo, será muito bom para a economia de fundos imobiliários. E por isso que não podemos tomar decisões pautadas no hoje e no ontem”, reiterou Rodrigo Abbud.
- Você já tem sua conta de investimentos da EQI? Clique aqui e abra agora mesmo!
Mais Estado, menos mercado de capitais?
Felippe Paletta lembrou que os governos petistas tendem a ampliar a presença do Estado nos investimentos, por meio de bancos públicos, propiciando “um desenvolvimento mais lento do mercado de capitais”.
Fábio Carvalho, da Alianza, admitiu que a concorrência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na oferta de ativos imobiliários era complexa para o setor imobiliário.
“Mas, acho que não retornaremos a esse cenário, até porque o BNDES não parece ter mais orçamento para atuar dessa forma. Além disso, o BNDES atuava numa lacuna, num momento em que o mercado de capitais ainda começava. Hoje, esse mercado está bem estruturado, com liquidez e muitas opções de investimentos”, explicou.
Ele disse ainda que vê o cenário de fundos imobiliários com bons olhos no médio prazo, especialmente com a tendência de redução da queda da Selic a partir do segundo semestre de 2023. “A redução da taxa de juros deve ajudar os FIIs a desempenhar muito bem”, disse Carvalho.
- Baixe os materiais gratuitos da EQI.
Diversificação de fundos é o caminho
Ao ser questionado por Paletta sobre a melhor opção para o investidor individual que deseja começar no mercado de FIIs, Fábio Carvalho ressaltou que os FIIs são um ótimo produto de entrada para a renda variável, e recomendou a formação de uma carteira variada, sem se limitar a um tipo de fundo imobiliário.
“É sempre bom pensar numa carteira variada, com diferentes classes de ativos, com vários fundos de papel e de tijolo, e nunca ter a ideia de ser um investimento de grande retorno imediato. É algo que vai oferecer uma construção de patrimônio de médio e longo prazo”, sugeriu.
Paletta lembrou que o mercado mostrou uma predileção por fundos de papel nos últimos tempos, por causa da alta da inflação e da Selic, já que esses fundos são atrelados geralmente ao CDI, mas que essa tendência já parece começar a se reverter.
“Fundos de papel e de tijolo são igualmente importantes, e fazer alocações diversificadas é o caminho para perceber a maturidade do mercado. Em determinados momentos um vai se valorizar mais, mas não significa que eu devo vender minha posição no que está se valorizando menos. Ao contrário, talvez esse seja o momento de comprar na baixa e montar uma posição que pode ser boa no médio e longo prazo”, recomendou.
Quer ver na íntegra o painel Melhor estratégia investindo em fundos imobiliários? Clique aqui e garanta sua vaga na Money Week.