O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quarta-feira (22) o documento Brasil Pós Covid-19. Nele, os pesquisadores apresentam um conjunto de propostas de curto e médio prazos para retomar o crescimento do país pós-pandemia.

O instituto trabalha com a projeção de queda do PIB de 6% e avalia que o pior momento da crise no país foi no mês de abril.

A tendência, agora, acredita, é que a evolução da doença no Brasil no restante do ano deve ser controlada. E isto significa que não serão necessárias novas imposições restrições às atividades econômicas.

Ipea: contextualização do cenário econômico

“No início de 2020, ainda que a economia mundial não estivesse em um momento de desempenho brilhante, sinais de retomada de ímpeto estavam sendo observados. Apesar de que, já em fevereiro, estivessem em queda discreta as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), havia sinalização de que estava por vir um movimento de recuperação mais amplo e sustentável para 2020 e os anos seguintes”, afirma o documento.

“O mês de março trouxe, contudo, a confirmação da situação de pandemia causada pelo novo coronavírus, e a necessidade de que deliberadamente partes substanciais da economia mundial fossem colocadas em situação de hibernação”, complementa.

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Reprodução/Ipea

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Propostas de infraestrutura

Entre as propostas apresentadas no plano, o Ipea sugere que o governo federal faça um programa emergencial de manutenção de rodovias federais.

Isto se daria especialmente em cidades mais atingidas pela pandemia e pelo desemprego. “A gente está usando a manutenção de infraestrutura para gerar emprego e renda”, disse o diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação e Infraestrutura do Ipea, André Rauen (foto), à Agência Brasil.

Outra sugestão é aproveitar a aprovação do novo marco do saneamento básico para criar um “vigoroso programa focado em áreas irregulares”. “Levar água e esgoto para áreas irregulares, que são as comunidades de favelas, invasões, porque esses grandes contingentes populacionais são aglomerados e têm um potencial, como vimos agora na pandemia, de difundir doença se a gente não leva saneamento básico”, afirmou o diretor do Ipea.

Outra proposta é o incentivo para a construção ferroviária privada por grandes mineradoras.

Relevância da reforma tributária

O documento defende que, juntamente com as reformas fiscais necessárias, sejam executadas reformas microeconômicas por investimentos. Além da reforma tributária, que ajudaria a melhorar a eficiência da economia. “A reforma tributária é uma questão que vem de muitos anos e quanto mais rápido ela for aprovada, melhor. Isso apressaria nossa ida em direção a uma economia mais eficiente e melhoraria a percepção sobre a economia brasileira”.

Empréstimo para micro e pequenas empresas

O documento propõe ainda a concessão de empréstimo, com pagamento vinculado ao faturamento futuro. E ainda uso estratégico das compras públicas, para fomentar a atividade de micro e pequenas empresas.

“Estamos propondo empréstimos para todas as microempresas, que vão pagar no Imposto de Renda. Não tem juros, só o principal. Ou todas são apoiadas, ou não há o efeito de tração na economia”, sugeriu Rauen.

Market place do governo

Outra sugestão é a criação de um market place do governo, similar aos das empresas Amazon e Mercado Livre, onde possam ser negociadas compras rotineiras de fornecimento básico.

Setor externo

Na avaliação do Ipea, o setor externo no Brasil foi, de certa forma, preservado das piores consequências da crise. E registrou crescimento significativo das exportações, especialmente dos produtos do setor agropecuário.

Uma das propostas na área é estimular o setor produtivo. Isto com atividades que façam do comércio exterior vetor de recuperação da economia.

“Continuidade da agenda de integração econômica com outros países, estímulo à produtividade e à competitividade do Brasil. Buscar parcerias internacionais para novos investimentos, especialmente em infraestrutura e em novas plantas produtivas do país”, recomendou Rauen.

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