A Colômbia entra na lista de países sul-americanos que tomam as ruas em protestos contra o governo. Depois, de Peru, Equador, Chile e Bolívia, os colombianos iniciaram nesta quinta-feira, 21, uma greve geral convocada por sindicalistas, estudantes, professores e indígenas. O alvo é o presidente Iván Duque, no cargo desde 7 de agosto de 2018.
A população de algumas cidades do país organizou marchas contra as políticas econômicas neoliberais do presidente. Duque amarga 69% de desaprovação.
Na capital, Bogotá, houve marchas de diversos locais em direção à Praça de Bolívar, a principal da cidade. A resposta do governo foi com violência. Nas últimas horas, intensificou-se a repressão contra o movimento grevista, com prisões e violência das forças de segurança. Em Cali, uma das maiores cidades do país, houve toque de recolher.
Duque reconhece problemas
Iván Duque reconheceu que há problemas e reivindicações válidas e disse estar disposto a encontrar saídas e superar obstáculos: “ao mesmo tempo em que reconhecemos o valor dos protestos pacíficos, também garantiremos a ordem. Para isso, contamos com a nossa força pública”, afirmou, em pronunciamento na noite de quarta-feira, 20.
Entretanto, o presidente partiu para defender sua resposta às ruas. Para ele, há pessoas que se aproveitam das manifestações para causar tumultos e destruição: “este governo não vai permitir que alguns nos levem a velhas confrontações que já não têm sentido”.
Duque assinou decreto com medidas para garantir a ordem pública e o direito de manifestação pública, pacífica e sem armas. O texto do decreto dá poderes aos prefeitos das cidades para tomar medidas como restringir e monitorar o movimento de pessoas por estradas e locais públicos; decretar o toque de recolher; restringir ou proibir a venda e o consumo de bebidas alcoólicas; requerer a ajuda das Forças Armadas nos casos permitidos pela Constituição e pela lei.
Mas não só. O governo ordenou também o fechamento das fronteiras terrestres e fluviais com Equador, Peru, Brasil e Venezuela e o controle migratório.
Reivindicações
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) da Colômbia utilizou a rede social Twitter para mobilizar as pessoas. As principais reivindicações são o descontentamento com as privatizações e com as reformas da previdência e trabalhista. Mais de 100 mil postagens foram feitas na rede social com a hashtag #21NSomosTodos, o que fez a marca chegar ao terceiro lugar nos trendings topics, de maneira orgânica.
A greve que começou nessa quinta-feira, 21, foi convocada desde outubro pelo Comando Nacional Unitário, que une as principais centrais dos trabalhadores e movimentos sociais contra as medidas anti-trabalhistas, reforma nos direitos previdenciários e a proposta de aumento de idade para aposentadoria.
“O protesto não tem outra intenção senão pressionar o governo, a classe dominante deste país, a responder aos problemas da classe trabalhadora”, disse à agência de notícias AFP Julio Roberto Gomez, presidente da Confederação Geral do Trabalho.
Há também a questão indígena. Eles pedem proteção após o assassinato de mais de cinquenta membros da comunidade neste ano no problemático departamento de Cauca (na região sudoeste da Colômbia). Uniram-se nas reivindicações, artistas, organizações sociais e grupos de oposição, como o partido Força Alternativa (antiga FARC), partido que emergiu do pacto de paz, que apoia a greve em rejeição ao assassinato de 170 ex-combatentes que assinaram o acordo.
Há temor em Bogotá que essa movimentação seja só o começo para algo mais amplo e duradouro, como ocorre atualmente no Chile.
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