O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira (23) a ata de sua última decisão de política monetária, quando optou por manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano.
A decisão foi unânime e reflete a avaliação de que, em meio a expectativas de inflação ainda acima da meta e a um cenário internacional incerto, é necessário preservar uma política monetária em nível contracionista por um período prolongado
“O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirma o comunicado.
Ata do Copom reforça tom do comunicado divulgado no dia 17
Segundo a ata, os diretores do Banco Central reconheceram avanços recentes, como a moderação da atividade econômica e a queda parcial das expectativas de inflação de curto prazo. No entanto, alertaram que os núcleos de inflação seguem pressionados e que a resiliência do mercado de trabalho sustenta a alta de preços, especialmente no setor de serviços.
O documento aponta que as projeções de inflação permanecem acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). No cenário de referência, a expectativa é de alta de 4,8% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,4% no primeiro trimestre de 2027 — patamar ainda superior ao centro da meta, de 3%.
Cenário externo adverso
O Copom destacou ainda que a política monetária dos Estados Unidos continua sendo um fator de incerteza para as economias emergentes. O debate sobre a intensidade dos cortes de juros do Federal Reserve (Fed), somado às tensões comerciais e fiscais no cenário internacional, reforça a necessidade de prudência na condução da política monetária doméstica.
Fiscal sob observação
A ata também aponta preocupação com a política fiscal brasileira. Para o Comitê, um enfraquecimento das reformas estruturais ou a percepção de risco sobre a dívida pública podem elevar a chamada taxa neutra de juros, reduzindo a eficácia da política monetária e encarecendo o processo de desinflação.
Compromisso com a meta
Apesar de reconhecer sinais de desaceleração econômica, o Copom reforçou que não hesitará em retomar a alta de juros, caso considere necessário.
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas e pressões no mercado de trabalho”, diz a ata.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os demais oito membros votaram de forma unânime pela manutenção da Selic.
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