Em meio a turbulência na troca da presidência da Petrobras (PETR3; PETR4) devido ao ruído político sobre o controle nos preços dos combustíveis, o BTG Pactual (BPAC11) mantém a recomendação de compra dos papéis da estatal. A indicação é baseada nos preços do petróleo no mercado internacional aliado com um potencial gerencial da petrolífera.
Atualmente, o ativo está cotado na casa dos R$ 31,60, com preço-alvo de R$ 41,00. Confira abaixo a oscilação nos preços da Petrobras no Ibovespa.
Segundo o relatório do BTG Pactual, manter uma postura negativa sobre a Petrobras durante um movimento altista no preço do barril do petróleo é uma avaliação “reconhecidamente estranha”. Ainda mais, quando as ações da petrolífera continuam baratas, em quase todos os ângulos.
Contudo, a disposição dos investidores em pagar pelos fundamentos da empresa continuará baixa por conta dos ruídos políticos que a estatal sofre.
Por outro lado, os analistas do BTG apontam que o perfil do possível novo CEO da Petrobras, o economista Adriano Pires, irá preservar uma abordagem orientada ao retorno da companhia.
“Como os holofotes agora se voltam para a capacidade da empresa [Petrobras] de manter o capex em níveis ideais a partir de 2023, acreditamos que a capacidade do novo CEO de melhorar significativamente a percepção de risco em relação ao caso será limitada”, explica o relatório.
Vale destacar que as ações da Petrobras continuam no mesmo patamar desde o início de março, mas com um desempenho bem inferior ao valor do Brent, referência internacional para negociação do barril de petróleo. A diferença está na casa dos 11 pontos percentuais.
Apesar da diferença, os analistas explicam que parte do resultado mais fraco foi compensado parcialmente pelo pagamento de dividendos adicionais após os resultados do quarto trimestre.
“Mais do que nunca, acreditamos que o beta da Petrobras vs preços do petróleo é muito baixo e preferimos investir no setor por meio de nomes que têm pouca ou nenhuma exposição ao risco político”, informa sua posição.
Política atrapalha fundamentos da Petrobras (PETR4)
Por conta da dinâmica dos preços dos combustíveis no Brasil, os políticos já estavam se articulando sobre possíveis alterações no comando da Petrobras. No dia 05 de março, o acionista controlador da estatal, o governo federal, indicou oito membros do Conselho de Administração, incluindo um novo presidente. O novo presidente do CA é um nome conhecido do mercado de petróleo, o atual presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, mas que tem uma vasta experiência no setor.
Na semana passada, já circulavam informações sobre modificações na presidência da Petrobras. Este movimento foi intensificado após o anúncio do reajuste dos combustíveis. Vale lembrar que a estatal segurou o preço por aproximadamente dois meses, mesmo com a escalada do petróleo por conta do conflito russo-ucraniano.
O relatório conclui a sua avaliação ao dizer que os potenciais resultados gerenciais da Petrobras são o grande trunfo da companhia. Além disso, um cenário de interferência direta na empresa permanece improvável com a nomeação de Adriano Pires.
O economista fundador da CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura) defende a manutenção da paridade de preços com o mercado internacional e a mínima interferência nos preços do petróleo.
Entretanto, o relatório ainda aponta que o simples fato de discutir novamente as possíveis interferências políticas na Petrobras mantém os papéis da estatal de serem negociados abaixo dos seus pares e apresentam uma desconexão dos seus fundamentos.